LIÇÃO 07: A FÉ
SE MANIFESTA EM OBRAS
ALBERTO
ARAÚJO
alberttoaraujo.blogspot.com.br
TEXTO ÁUREO
“Assim resplandeça a vossa
luz diante dos homens, para que vejam as vossas boas obras e glorifiquem o
vosso Pai, que está nos céus” (Mt 5.16).
VERDADE PRÁTICA
Uma vez salvos em Cristo, o
amor, materializado por meio das boas obras, torna-se a nossa identidade
cristã.
COMENTÁRIO DO TEXTO ÁUREO
“Assim resplandeça a vossa luz diante dos homens, para que vejam as
vossas boas obras e glorifiquem o vosso Pai, que está nos céus” (Mt 5.16).
O contexto do nosso texto áureo está
inserido no sermão do Senhor Jesus na montanha registrado em Mateus 5 a 7.
Nosso texto áureo está na parte que Ele exorta seus discípulos a ser sal da
terra e luz do mundo (Mt 5.13-16). O teólogo e escritor R.N. Champlin
comentando esse versículo, assim declara:
“Assim brilhe também a vossa luz”. Esse
versículo considera os crentes em geral como luzes. A luz do cristão deve ser
constante como a luz da candeia, porque sem esse tipo de luz não haveria luz no
mundo, e nem mesmo na casa de Deus, ou no escabelo de Deus, que é a terra (Mt
5:35 e Is 66:1). A luz do crente são suas boas obras... Essas boas obras
redundam em glória a Deus. Remover a luz e, portanto, a glória de Deus, é algo
seríssimo. “Vosso Pai”. Esta é a primeira vez que, nas palavras de Jesus, vemos
o ensino de que Deus é Pai. Essa ideia era bem comum entre os judeus, e assim
sendo, Jesus não estava introduzindo alguma doutrina nova, mas utilizando-se da
compreensão que o povo já tinha para dar ênfase à necessidade de deixar a luz
de Deus brilhar em suas personalidades. Deus Pai tem prazer nas boas obras de
seus filhos, porque tais obras provam que os discípulos são filhos de Deus, e
também revelam algo sobre a natureza de Deus. Jesus foi o exemplo mais
desenvolvido e elevada da natureza de Deus que já houve sobre a terra. Os
rabinos usavam com frequência a frase: “Nosso e vosso Pai, que está nos céus”...
Nos escritos judaicos (Bammidabar Rabba, s.15)., lemos estas palavras: “Os
israelitas disseram ao santo e bendito Deus: Tu mandas que acendamos lâmpadas
para Ti; mas Tu és a Luz do Mundo e contigo mora a luz. O Santo Deus replicou:
Não ordeno isso porque precise de luz, mas para que vós reflitais luz sobre
mim, como eu vos tenho iluminado. Assim o povo poderá dizer: Eis como os israelitas
O ilustram, isto é. Aquele que os ilumina à vista de toda a terra” (CHAMPLIN,
p. 308, 1995).
RESUMO DA LIÇÃO 07
A
FÉ SE MANIFESTA EM OBRAS
I- DIANTE DO NECESSITADO, A NOSSA
FÉ SEM OBRA É MORTA
1. Fé e obras.
2. O cristão e a caridade.
3. A “morte” da fé.
II- EXEMPLOS VETEROTESTAMENTÁRIOS
DE FÉ COM OBRAS (Tg 2.18-25)
1. Não basta “crer”.
2. Abraão.
3. Raabe.
III – A MATÁFORA DO CORPO SEM
ESPÍRITO PARA EXEMPLIFICAR A FÉ SEM OBRAS (Tg 2.26).
1. Uma analogia do corpo sem
espírito.
2. Da mesma maneira: fé sem
obras é morta.
LEITURA BÍBLICA EM
CLASSE
Tiago 2.14-26
14 Meus
irmãos, que aproveita se alguém disser que tem fé e não tiver as obras?
Porventura, a fé pode salvá-lo?
15 E, se o
irmão ou a irmã estiverem nus e tiverem falta de mantimento cotidiano,
16 e algum de
vós lhes disser: Ide em paz, aquentai-vos e fartai-vos; e lhes não derdes as
coisas necessárias para o corpo, que proveito virá daí?
17 Assim
também a fé, se não tiver as obras, é morta em si mesma.
18 Mas dirá
alguém: Tu tens a fé, e eu tenho as obras; mostra-me a tua fé sem as tuas
obras, e eu te mostrarei a minha fé pelas minhas obras.
19 Tu crês que
há um só DEUS? Fazes bem; também os demônios o crêem e estremecem.
20 Mas, ó
homem vão, queres tu saber que a fé sem as obras é morta?
21Porventura
Abraão, o nosso pai, não foi justificado pelas obras, quando ofereceu sobre o
altar o seu filho Isaque?
22 Bem vês que
a fé cooperou com as suas obras e que, pelas obras, a fé foi aperfeiçoada,
23 e
cumpriu-se a Escritura, que diz: E creu Abraão em DEUS, e foi-lhe isso imputado
como justiça, e foi chamado o amigo de DEUS.
24 Vedes,
então, que o homem é justificado pelas obras e não somente pela fé.
25 E de igual
modo Raabe, a meretriz, não foi também justificada pelas obras, quando recolheu
os emissários e os despediu por outro caminho?
26 Porque,
assim como o corpo sem o espírito está morto, assim também a fé sem obras é
morta.
INTERAÇÃO
Imagine um
presidente que não governa?
Um juiz que
não julga?
Um advogado
que não advoga?
Um médico que
não clinica?
Um policial
que não protege?
Um professor
que não ensina?
Um cientista
que não pesquisa?
Um arquiteto
que não desenha?
Um filósofo
que não filosofa? Imaginou?
Assim é o
crente que não produz boas obras. Que não ama!
E como
estudamos na epístola de Tiago, as boas obras são obras de misericórdia, isto
é, ações encharcadas no amor.
A carta de
Paulo aos Romanos nos diz que "quem ama aos outros cumpriu a lei", pois
"o amor não
faz mal ao próximo; de sorte que o cumprimento da lei é o amor" (13.8,10).
OBJETIVOS
Após
esta aula, o aluno deverá estar apto a:
Destacar que a fé e as obras são relacionais.
Apontar os exemplos de fé com obras no Antigo
Testamento.
Compreender a metáfora do corpo sem espírito
proposta por Tiago.
COMENTÁRIO
INTRODUÇÃO
Palavra
Chave
MANIFESTAÇÃO: Ato de dar a conhecer,
revelação, expressão.
A lição de
hoje trata da fé manifestada através das obras (Tg 2. 14 - 26).
Além de tal assunto
ser imprescindível à vida cristã -, pois, sem fé é impossível agradar a Deus
(Hb 11. 6) -, é preciso reafirmar que o crente é salvo pela graça, por meio da
fé (Ef 2. 8, 9).
Devendo o
cristão andar por ela (2 Co 5. 7), tendo em vista de que tudo aquilo que não é
de fé, culmina em pecado (Rm 14. 23).
Entretanto, a
fé não é uma fuga da realidade.
Por isso,
Jesus ensinou que a fé deve ser praticada (Mt 5. 22 - 48).
Nesta lição,
igualmente, Tiago mostra que uma fé viva é autenticada pela produção de boas
obras, pois não há antagonismo algum entre ambas - fé e obras.
Conforme
aprenderemos, na vida cristã, fé e obras não são distintas, mas complementares.
I. DIANTE DO
NECESSITADO, A NOSSA FÉ SEM OBRAS É MORTA (Tg 2.14-17)
1. Fé e Obras.
Ao lermos desavisadamente
essa Epístola de Tiago podemos até afirmar que ela está contradizendo os
ensinos do apóstolo Paulo quanto a doutrina da salvação pela (Rm 4. 1 - 6).
Se
cuidadosamente estudarmos, veremos que os ensinos de Paulo e Tiago não se
contradizem em hipótese alguma.
Ao escrever
sobre as obras, Paulo está se referindo à Lei - o orgulho nos rituais judaicos
e na obediência a um sistema de regras religiosas - enquanto que Tiago, às
obras de misericórdia ao próximo necessitado.
Tiago não se
opôs ao apostolo dos gentios.
Enquanto Paulo
anunciava ao pecador a salvação pela graça mediante a fé (Ef 2. 8), o
meio-irmão do Senhor doutrinava os crentes sobre a impossibilidade de vivermos
a fé de Cristo sem manifestar os frutos de arrependimento (Mt 3. 8).
Preocupando-se
com a causa da salvação e com o efeito dela.
2. O cristão e
a caridade.
"A fé não
acompanhada de ação é morta", declara Tiago.
"Fazer,
realizar e agir" são atitudes que integram a religião pura e imaculada:
ajudar os necessitados nas suas necessidade.
Quando não
haver estes frutos a fé é morta.
E para
ilustrar essa verdade Tiago inquire (questionar, indagar)retoricamente os
servos de Deus dizendo que se oferecermos, a um irmão ou a uma irmã, que
estejam padecendo necessidade, apenas uma palavra de "incentivo" e
não lhes dermos alguma coisa de que necessitam, isso não resolverá o problema.
Oque precisa
ser feito diante de alguém necessitado?
É só orar e
despedi-lo sem nada? agindo dessa maneira estamos praticando uma religião falsa
e a nossa oração não servirá para nada.
Em (1 Jo 3.
17, 18), João ensinou que, a pessoa não se compadecendo dos necessitados este
não tem o amor de Deus em sua vida.
Esse aspecto
já havia sido ensinado por Jesus ao dizer que, no socorro àqueles que precisam
de ajuda, acolhemos o próprio Senhor (Mt 25. 40). Verdade!
3. A
"morte" da fé.
Essa concepção
da fé apresentada por Tiago em sua Epístola é a confiança em Deus: "tu crês que há
um só Deus?" (Tg 2. 19).
As obras que
Tiago fala, consistem na expressão da vontade de Deus, ou seja, em amar o
próximo, visitar os enfermos, defender seus direitos, e praticar a justiça
desses pobres, etc.
Esta é a fé
vive em Deus!
Então a
Epístola nos ensina que se amamos o outro, não amaremos segundo as nossas
concupiscências, mas segundo o amor de Deus por nós.
É que este
amor nos estimula a amar o ser humano independentemente de quem ele seja.
Ame o próximo
e mostrará uma fé viva.
Não ame, e se
confirmará: a tua fé está morta.
SINOPSE DO TÓPICO (I)
Tiago nos mostra que diante de uma necessidade do próximo, o crente
não pode espiritualizar a sua necessidade material, antes deve suprí-la. Do
contrário, não há fé.
II. EXEMPLOS
VETEROTESTAMENTÁRIOS DE FÉ COM OBRAS (Tg 2.18-25).
1. Não basta
“crer”.
A crença
teórica em Deus não significa muita coisa afirma Tiago.
Os demônios,
igualmente, crêem e estremecem diante do Altíssimo (Lc 8. 26 - 33; Mc 5. 1 -
10).
Em certas
palavras, eles "crêem", ou sabem, que Jesus é o Filho de Deus.
Entretanto, a
confissão dos demônios não implica um compromisso de obediência a Deus.
A verdadeira
fé, porém, manifesta-se na prática coerente do servo de Deus com tudo aquilo
que ele diz crer.
O autor da
epístola está demonstrando que a fé não consiste em um discurso, mas em
convicção autêntica, seguida da prática em obras de amor, pois é justamente
isso que Jesus fez e ainda faz (At 10. 38; Hb 13. 8).
Tiago utilizou
Abraão e Raabe do Antigo Testamento exemplificando esse ensino da fé
compromissada com a ação.
2. Abraão.
Conhecido como
"o pai da fé", obedeceu a Deus quando lhe foi pedido seu amado filho,
Isaque.
O patriarca já
havia demonstrado confiança em Deus quando decidiu, por um ato de fé e
obediência, partir para uma terra desconhecida (Hb 11. 8, 9).
Observe que,
Abraão estava diante de uma prova de fé ainda mais dura: imolar seu filho amado
e oferecê-lo em sacrifício a Deus.
Uma fé levada
até ás últimas consequências!
Essa obra do
patriarca demonstrou a sua confiança em Deus independente das circunstâncias.
E hoje, nós,
como estamos diante de Deus?
Cremos quando
vai tudo bem, e está tudo certo, ou cremos apesar das circunstâncias?
3. Raabe.
Outro exemplo
apresentado por Tiago é o de Raabe.
Uma mulher
gentia e prostituta que vivia em Jericó durante a conquista da terra de Canaã
pelos hebreus.
Josué havia
enviados os espias para olharem a terra e, Raabe os escondeu ajudando-os a
escapar dos guardas de Jericó.
Essa atitude
dela levou os espias prometerem que nenhum mal lhes aconteceria
quando os israelitas tomarem a cidade (Js 2. 1
- 24).
Raabe teve fé
no Deus de Israel!
Na certeza de
que Deus daria aquela cidade ao seu povo, ela agiu para proteger os espias
enviado por Josué.
Por isso,
Raabe, a prostituta de Jericó, foi justificada e constituída na linhagem do
nosso Senhor, Jesus Cristo (Mt 1. 5).
Foi uma grande
mulher que consta como heroína da fé (Hb 11. 31).
SINOPSE DO TÓPICO (II)
As ações de Abraão e Raabe são dois grandes exemplos do Antigo
Testamento quanto à fé compromissada com as obras.
III. A METÁFORA DO
CORPO SEM O ESPÍRITO PARA EXEMPLIFICAR A FÉ SEM OBRAS (Tg 2.26).
1. Uma
analogia do corpo sem espírito.
Para os que
conhecem a palavra de Deus, é inconcebível a ideia de um corpo vivo sem o
espírito e a alma (At 20. 9, 10; 1 Ts 5. 23).
John Stott,
teólogo britânico, escreveu: 'O nosso
próximo é uma pessoa, um ser humano, criado por Deus. E Deus não criou como uma
alma sem corpo (para que pudéssemos preocupar-nos exclusivamente com seu
bem-estar físico), nem tampouco um corpo-alma em isolamento (para que
pudéssemos preocupar com a sociedade em que ele vive). Não! Deus fez o homem um
ser espiritual, físico e social.
Como ser humano, o nosso próximo pode ser definido como
"um corpo-alma em sociedade"' (Cristianismo Equilibrado, CPAD).
Sem o
espírito, o fôlego de vida, o ser humano não é nada.
Só podemos ser
considerados humanos quando as esferas espiritual, física e social estão
inseparáveis.
Qual a relação
desse assunto com a fé?
2. Da mesma
maneira: fé sem obras é morta.
"Assim como o corpo sem o espírito está
morto, assim também a fé sem obras é morta" (Tg 2. 26).
Tiago nos
ensina que não faz sentido expressarmos uma fé verbalmente se ela não tem ação
concreta.
Como as
pessoas constatarão que eu creio de todo coração em Deus?
Á medida que
os meus atos em relação a elas revelarem o amor do Criador.
Se não houver
obras de misericórdia, amor, honestidade e carinho ao próximo, a nossa fé
estará morta, sepultada.
Podemos citar
de cor e salteado o Credo Apostólico, o credo da nossa denominação e milhares
de versículos da Bíblia.
Mas se não
houver ação, tudo não passará de argumentos sem vida.
Deus nos livre
dessa ignomínia (degradação social)!
SINOPSE DO TÓPICO
(III)
Assim como o corpo sem o espírito não tem vida, a fé sem as obras é
morta.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Sabemos que o
ser humano, está vivo porque ele tem atividade cerebral intacta, os pulmões
funcionam rotineiramente, o coração bombeia o sangue, irrigando todo o corpo,
isto é, o corpo humano está se movimentando naturalmente.
Da mesma forma
é a fé.
Uma fé viva em
Deus através do seu Filho Jesus Cristo, justifica o home de todo pecado (Rm
5.1; Tg 2.18-25).
Mas, uma fé
sem obras está morta!
É como um
corpo humano que não tem vida. Não respira mais.
Que possamos
viver todas as implicações reais de nossa crença em Deus.
BIBLIOGRAFIA SUGERIDA
STRONSTAD, Roger; ARRINGTON, French L. (Eds.) Comentário Bíblico Pentecostal Novo
Testamento. 2
ed., RJ: CPAD, 2004.
STOTT, John. Cristianismo
Equilibrado. Rio de Janeiro. CPAD, 2009.
Revista Ensinador
Cristão CPAD, n° 58, p.39.
Como chegar ao
lar de uma pessoa que se encontra em necessidades materiais e apenas orarmos
por ela dizendo "DEUS está no controle de tudo"? Tal atitude é a que
Tiago chama de fé sem obras. A fé vivida apenas no campo da mera
especularização espiritual é uma fé sem vida, encanto e compromisso com o
outro. A verdadeira fé consiste em amar a DEUS acima de todas as coisas, com
toda a nossa força, de todo o nosso entendimento, de toda a nossa alma e de
todo o nosso coração (Mc 12.30,31). Uma fé simples, entretanto, de uma
implicação inimaginável.
A fé do
Evangelho está diametralmente entrelaçada ao amor. Não a toa ela aparece como
uma das três virtudes teologais, juntamente com o amor (1 Co 13.13). Deste, o
apóstolo Paulo diz: "porque quem ama aos outros cumpriu a lei [...] e, se
há algum outro mandamento, tudo nesta palavra se resume: Amarás ao teu próximo
como a ti mesmo. O amor não faz mal ao próximo; de sorte que o cumprimento da
lei é o amor" (Rm 13.8-10). Contra o amor não há lei. A vontade de DEUS é
que o ser humano viva a vida sem que a determine, pois quem ama não pode fazer
outra coisa senão o bem (Jr 31.33).
Quando Tiago
fala de boas obras sabemos que ele se refere às ações concretas de
misericórdias. Então, remetemo-nos logo ao tema da salvação pelas boas obras.
Talvez pelo medo de relacionar boas obras à salvação, muitos em nossas igrejas
vêm ignorando o mandamento de JESUS para fazermos alguma coisa em favor dos
pobres. Além disso, precisamos ponderar com os nossos alunos que não são as
obras que salvam, mas, por outro lado, são elas que revelam se de fato somos
salvos ou não (Ef. 2.8- 10). E um dia, todos seremos julgados, pelas obras que
realizamos em relação a outro ser humano cujo Senhor, JESUS, pode ser
encontrado em cada estado de necessidade (Mt 25.31-46).
Use o espaço
desta lição, professor, para ensinar que não se pode fazer dicotomia entre a fé
e a ação. Do contrário, a fé se mostrará morta como um corpo que sem o fôlego
de vida. Dê uma olhada em volta da sua igreja local. Talvez ela se situe em meio
a uma comunidade carente. Uma pergunta pode ser feita à sua classe: o que
podemos fazer de ação social pela nossa comunidade?
Revista Ensinador Cristão CPAD, n° 58, p.39.
Como chegar ao lar de uma pessoa que se encontra em
necessidades materiais e apenas orarmos por ela dizendo "DEUS está no
controle de tudo"? Tal atitude é a que Tiago chama de fé sem obras. A fé
vivida apenas no campo da mera especularização espiritual é uma fé sem vida,
encanto e compromisso com o outro. A verdadeira fé consiste em amar a DEUS
acima de todas as coisas, com toda a nossa força, de todo o nosso entendimento,
de toda a nossa alma e de todo o nosso coração (Mc 12.30,31). Uma fé simples,
entretanto, de uma implicação inimaginável.
A fé do Evangelho está diametralmente entrelaçada
ao amor. Não a toa ela aparece como uma das três virtudes teologais, juntamente
com o amor (1 Co 13.13). Deste, o apóstolo Paulo diz: "porque quem ama aos
outros cumpriu a lei [...] e, se há algum outro mandamento, tudo nesta palavra
se resume: Amarás ao teu próximo como a ti mesmo. O amor não faz mal ao
próximo; de sorte que o cumprimento da lei é o amor" (Rm 13.8-10). Contra
o amor não há lei. A vontade de DEUS é que o ser humano viva a vida sem que a
determine, pois quem ama não pode fazer outra coisa senão o bem (Jr 31.33).
Quando Tiago fala de boas obras sabemos que ele se
refere às ações concretas de misericórdias. Então, remetemo-nos logo ao tema da
salvação pelas boas obras. Talvez pelo medo de relacionar boas obras à
salvação, muitos em nossas igrejas vêm ignorando o mandamento de JESUS para
fazermos alguma coisa em favor dos pobres. Além disso, precisamos ponderar com
os nossos alunos que não são as obras que salvam, mas, por outro lado, são elas
que revelam se de fato somos salvos ou não (Ef. 2.8- 10). E um dia, todos
seremos julgados, pelas obras que realizamos em relação a outro ser humano cujo
Senhor, JESUS, pode ser encontrado em cada estado de necessidade (Mt 25.31-46).
Use o espaço desta lição, professor, para ensinar
que não se pode fazer dicotomia entre a fé e a ação. Do contrário, a fé se
mostrará morta como um corpo que sem o fôlego de vida. Dê uma olhada em volta
da sua igreja local. Talvez ela se situe em meio a uma comunidade carente. Uma
pergunta pode ser feita à sua classe: o que podemos fazer de ação social pela
nossa comunidade?
COMENTÁRIOS DE VÁRIOS LIVROS - INTRODUÇÃO
Essa seção tem levantado dúvidas na mente dos
leitores da Bíblia porque parece contradizer o ensinamento do apóstolo Paulo
referente à questão de fé e obras. Nas suas epístolas aos Romanos e Gálatas,
Paulo ensina que não podemos ser salvos pelas obras; recebemos a salvação
somente pela graça de DEUS mediante a fé. Nessa passagem, Tiago afirma que
somente a fé não é suficiente para a salvação. Para que ocorra a salvação, a fé
precisa estar acompanhada de obras.
A contradição é apenas aparente. Os estudantes da
Bíblia concordam que os dois autores inspirados estavam dando significados
diferentes às mesmas palavras. Quando Tiago usa a palavra fé, ele se refere a
um consentimento meramente intelectual. Quando Paulo fala de fé, ele se refere
à convicção que traz consigo o consentimento da vontade. Quando Paulo fala de
obras, ele se refere às obras da lei, i.e., as obras do legalismo judaico que
nunca podem salvar a alma. Quando Tiago fala das obras ele se refere às boas
ações que fluem naturalmente de um coração cheio de amor para com DEUS e o
próximo.
E evidente que Paulo concorda substancialmente com
os ensinos de Tiago, porque ele também enfatiza que o conhecimento sem ação é
inútil. Ele escreve: “Porque os que ouvem a lei não são justos diante de DEUS,
mas os que praticam a lei hão de ser justificados” (Rm 2.13). Tem sido
argumentado que o ensino de Paulo de que a salvação é somente pela fé e o de
Tiago que inclui também as obras, não estão face a face, lutando um contra o
outro, mas de costas um para o outro, combatendo inimigos opostos; os dois
ensinamentos estão do mesmo lado, embora possa parecer que sejam contrários.
Nessa seção, Tiago trata da interação da fé com as
obras na vida cristã. Sua tese básica é a seguinte: se alguém declara ter fé,
mas esta fé não vem acompanhada de obras, ela é inútil. Essa seção,
semelhantemente a 2.1-13, é uma apresentação meticulosamente argumentada. A
tese é explicada nos versículos 14-17; nos versículos 18-20, Tiago responde a
uma objeção; nos versículos 21-25, ele fornece provas bíblicas e, no versículo
26, apresenta um resumo.
A. F. Harper. Comentário Bíblico Beacon.
Tiago. Editora CPAD. Vol. 10. pag. 169-170.
O capítulo 2 da Carta de Tiago é um dos textos mais
importantes da Bíblia. Muitos estudiosos não conseguiram entendê-lo. Lutero
pensou que Tiago estivesse contradizendo Paulo (Rm 3.28 - Tg 2.24; Rm 4.2-3 -
Tg 2.21). Logo, Lutero chamou Tiago de carta de palha e sentiu que a carta de
Tiago não tinha o peso do Evangelho.
Mas será que Tiago está contradizendo Paulo?
Absolutamente não. Eles se complementam. Paulo falou que a causa da salvação é
a justificação pela fé somente. Tiago diz que a evidência da salvação são as
obras da fé. Paulo olha para a causa da salvação e fala da fé. Tiago olha para
a consequência da salvação e fala das obras. Paulo deixa isso claro: “Porque
pela graça sois salvos, por meio da fé; e isto não vem de vós, é dom de DEUS;
não vem das obras, para que ninguém se glorie. Porque somos feitura sua,
criados em CRISTO JESUS para boas obras, as quais DEUS antes preparou para que
andássemos nelas” (Ef 2.8-10).
Calvino diz que a salvação é só pela fé, mas a fé
salvadora não vem só. Ela se evidencia pelas obras. A questão levantada por
Paulo era: “Como a salvação é recebida?”
A resposta é: “Pela fé somente”. A pergunta de
Tiago era: “Como essa fé verdadeira é reconhecida?” A resposta é: “Pelas
obras!” Assim, Tiago e Paulo não estão se contradizendo, mas se completando.
Somos justificados diante de DEUS pela fé, somos justificados diante dos homens
pelas obras. DEUS pode ver a nossa fé, mas os homens só podem ver as nossas
obras.
LOPES. Hernandes Dias. TIAGO Transformando
provas em triunfo. Editora Hagnos. pag. 45-46.
Talvez alguém objetasse contra o anteriormente
exposto: Tiago, será que não criticas exageradamente o fato de um homem “em
posição de destaque” ser alvo de um pouco mais de atenção que um escravo? Pois
isso é algo ínfimo em comparação a, p. ex.,uma profunda percepção espiritual! –
Tiago responde no presente bloco: Não, é justamente no comportamento prático
que as coisas decisivas se revelam: está em jogo se tua fé realmente é fé.
Tiago de forma alguma deprecia a fé, mas, como
Paulo, a tem em altíssima consideração: a) Ninguém entre nós produz a justiça
própria. Em algum lugar todos temos deficiências. E não podemos “compensar”
nada. Dependemos da misericórdia de DEUS. Confiamo-nos a ela (Tg 2.10-13). b)
Tiago convoca para saudarmos até mesmo a tribulação, por ser meio de aprovação
da fé (Tg 1.2). c) Ensina a oração com fé, que certamente será atendida (Tg
1.5-8). d) Ensina o irmão humilde a crer que a graça de DEUS o torna rico (Tg
1.9; 2.5). e) A nova vida não é criada pelo próprio cristão. É obra da graça de
DEUS. Através da palavra da verdade ela foi depositada em nós (Tg 1.18; etc.).
– Tiago não expressa o que declara no presente bloco da carta por considerar a
fé secundária, em contraposição a Paulo. Pelo contrário, justamente porque a
considera de importância decisiva, como Paulo, ele quer que a fé realmente seja
e continue sendo fé.
Fritz Grunzweig. Comentário Esperança Carta
De Tiago. Editora Evangélica Esperança.
I- DIANTE DO NECESSITADO, A NOSSA FÉ SEM OBRAS É
MORTA (Tg 2.14-17)
1. Fé e obras
Caracterizando a verdadeira fé.
Falar sobre fé implica diversos fatores. Ela
precisa ter um conjunto de valores que estejam conjugados de forma doutrinária,
um modelo de culto e uma forma de interação entre as pessoas que dessa fé
participam. Mas a fé também precisa ser prática, ou seja, precisa ser
demonstrada no dia a dia de seus crentes. E a fé cristã não pode ser resumida
em um conjunto de preceitos sem prática, ou será morta aos olhos daqueles que
nos observam.
Alexandre Coelho e Silas Daniel. Fé e Obras, Ensinos
de Tiago para uma Vida Cristã Autêntica. Editora CPAD. pag. 85-86.
Tg 2.1 Tiago suaviza sua exortação ao
identificar-se com seus leitores. Ele escreve aos meus irmãos (v. 14). A fé que
Tiago rejeita não é reconhecida por ele como fé verdadeira. Ela é uma confissão
ou declaração, mas não uma realidade. Que aproveita se alguém disser que tem fé
e não tiver as obras? Porventura, a fé pode salvá-lo? Phillips apresenta o
sentido correto da segunda pergunta: “Porventura esse tipo de fé poderia salvar
a alma de alguém?”.
A. F. Harper. Comentário Bíblico Beacon.
Tiago. Editora CPAD. Vol. 10. Pag. 169.
Tg 2.14 Esta pessoa que afirma que tem fé
obviamente pensa que somente a sua fé, sem nenhuma boa obra (realizada em
obediência a DEUS), seja satisfatória aos olhos de DEUS.
No entanto, a fé que não é acompanhada pelas obras
não tem valor para a salvação. Qualquer pessoa pode dizer que tem fé, mas, se o
seu estilo de vida continua sendo egoísta e mundano, então de que adianta esta
fé? Trata-se meramente de uma fé a respeito de JESUS, e não de uma fé em JESUS.
Este tipo de fé não salva ninguém. Na verdade, a fé que salva é a fé que fica
evidente nos atos que ela produz.
Duas imagens nos ajudam a recordar a importância da
fé genuína:
1. Em um lado, estão pessoas que aparentam ter a
confiança de estar na presença de DEUS, mas que não mostram evidências de que a
sua fé afeta qualquer um de seus atos. Elas podem até mesmo se orgulhar do fato
de poderem crer naquilo que quiserem e de que ninguém tem o direito de desafiar
a sua fé. Afinal, elas parecem dizer: “Só DEUS pode realmente saber”.
2. No outro lado, estão pessoas cujas vidas
demonstram uma agitação tão frenética, que elas literalmente não têm tempo de
pensar ou falar sobre a sua fé. Estas pessoas, cujas vidas, a princípio,
exibiam as características de alguém que crê, acabam tendo dúvidas verdadeiras.
Elas duvidam da aceitação de DEUS e se sentem obrigadas a trabalhar arduamente
com a esperança de obter aquela aceitação. Mas o esforço para obter méritos na
presença de DEUS pode se tornar um substituto da fé. Tiago nos ajuda a enxergar
que a fé genuína sempre combinará uma profunda confiança em DEUS com ações
coerentes no mundo.
Aquele que é salvo não é o que afirma ter fé, mas
aquele que verdadeiramente tem fé.
Alguém poderia perguntar: “Mas, se a fé genuína
nunca tiver uma oportunidade real de ser demonstrada em ação?” Um exemplo de fé
genuína ao qual se dedicou pouco tempo é o caso do ladrão na cruz, que creu em
JESUS (Lc 23.32-43). Diante da morte, este homem reconheceu JESUS como sendo o
CRISTO. Será que a fé deste homem, genuína e de curta duração, o levou a uma
ação verdadeira? Com certeza! O ladrão moribundo disse algumas palavras de
profunda eloquência: “Senhor, lembra-te de mim, quando entrares no teu Reino”
(Lc 23.42).
O ladrão não tinha sequer ideia de quantas vezes o
seu simples testemunho de confiança, durante a sua derradeira agonia, daria
esperanças a outras pessoas que se sentiriam como se estivessem além do alcance
do auxílio de DEUS.
A maioria de nós tem muito mais tempo do que o
ladrão na cruz. A nossa vida tem sido um testemunho tão positivo quanto foi o
daquele homem? Será que nós declaramos a nossa fé e então demonstramos a sua
vitalidade na nossa vida?
Comentário do Novo Testamento Aplicação Pessoal. Editora CPAD. Vol 2. pag. 674-675.
Tg 2.14 “De que adianta, meus irmãos, se alguém diz
ter (somente) fé, mas não tem obras?” Tiago não quer dizer que isso de fato
existe: fé sem obras. Fala apenas de alguém que assevera que tem “fé”, que é
“crente”. Contudo, não tem obras. Não existe outra fé senão aquela que é ativa
no amor.
1 – Que significa “crer”, em grego pisteúein?
A palavra grega significa: “confiar em alguém”. Tem
em vista um relacionamento pessoal com outro ser humano. O mesmo também acontece
com nosso termo “crer”. Está ligado à ideia de “prometer”, “amar”, e tem o
sentido de “confiar” em alguém, “confiar-se” a ele. No NT “crer” significa:
viver com DEUS, com JESUS CRISTO em comunhão pessoal no convívio diário e
confiante.
JESUS compara a fé com a ligação intrínseca entre
ramo e videira (Jo 15.4s). Paulo escreve: “Sede radicados nele” (Cl 2.7). Não é
diferente o entendimento de Tiago acerca da fé aprovada na tribulação (Tg 1.2),
que não se deixa separar de seu Senhor por ninguém e por nada.
2 – Que significam aqui as “obras”, em grego: érga?
a) O sentido não é de “obras da lei”, das quais
Paulo declara que não justificam o ser humano (Rm 3.20,28). “Lei” nessa acepção
é o dever imposto ao ser humano, ou melhor, que ele mesmo se impõe com a
finalidade de construir a própria salvação pelo respectivo cumprimento.
Constitui informação inequívoca de todo o NT que o ser humano não pode nem deve
criar assim sua salvação. Tiago, que no v. 13 diz que a misericórdia triunfa
sobre o juízo, de forma alguma representa uma exceção nesse caso.
“As obras da lei”: é como se na parábola do filho
pródigo (Lc 15.11ss) o Pai tivesse estendido um bilhete pela fresta da porta ao
filho que retorna, com as condições prévias para tornar a aceitá-lo na casa
paterna: primeiro tornar-se novamente uma pessoa decente, voltar a conquistar
um bom nome e reunir um patrimônio! Isso jamais teria levado à volta do filho!
b) Aqui em Tiago, porém, se fala das “obras” da fé,
do fruto do agraciamento e da volta do ser humano para casa. A aparência de um
contraste entre Tiago e Paulo surgiu não por último pelo fato de que Tiago
chama de “obras” o que em outras partes do NT é chamado de “fruto”. Novamente
nos termos da parábola do filho pródigo: o que a pessoa agraciada fizer na sequência
não será premissa nem condição prévia de sua volta para casa, mas consequência
e o fruto de sua acolhida. O que fizer será feito por amor e gratidão. Isso se
tornou possível porque agora vive com o Pai e respira o ar da casa do Pai. O
filho não teria retornado de fato se não trabalhasse com o Pai como filho na
casa. Com outras palavras: do contrário, a fé não seria fé. – Tiago não entende
por “obras” o mesmo a que Paulo se refere em Rm 3.28, mas o que ele cita em Rm
12.1ss. Inicia, por assim dizer, sua carta apenas em Rm 12. O anterior é
pressuposto por Tiago, ele se respalda nisso. A carta de Tiago não é pregação
da lei, mas pregação da nova obediência, pregação de santificação. Precisamente
assim é que Tiago se move integralmente nas balizas do NT: “Persegui a
santificação, sem a qual ninguém verá o Senhor” (Hb 12.14). No dia da revelação
do justo juízo DEUS dará a cada um conforme suas obras (Rm 14.10; 2Co 5.10). A
fé, que também Paulo prega, atua por intermédio do amor (Gl 5.6). Rm 12ss não
constitui apenas um apêndice da grande descrição do agir salvador de DEUS, mas
a comunicação do que esse agir visa alcançar em nossa vida, das decorrências
que precisam acontecer hoje em nós: “Rogo-vos, pois, irmãos, pelas
misericórdias de DEUS, que apresenteis o vosso corpo por sacrifício vivo, santo
e agradável a DEUS, que é o vosso culto racional” (Rm 12.1ss).
Principalmente o próprio JESUS salientou a
importância da nova obediência (Mt 7.21; etc.). O que Tiago diz, ele aprendeu
de seu Mestre, mais uma vez, sobretudo das palavras do Sermão do Monte.
3 – Tiago pergunta: “Que utilidade tem que alguém
diga (apenas) que tem fé, mas não tem obras?” Nossa fé precisa apresentar um
produto (v. 14).
a) Para DEUS. No momento em que Paulo descreve seu
ministério, ele afirma: “Recebemos graça e apostolado por amor do seu nome,
para estabelecer a obediência da fé entre todos os gentios” (Rm 1.5). Esse é o
fruto que ele deseja produzir (Rm 1.13; Fp 1.22). Como resultado de seu agir
salvador DEUS quer ter filhos que lhe obedecem. À pergunta: “Porventura
perseveraremos no pecado?” Paulo responde: “Jamais!” (Rm 6.1s). E JESUS afirma
que o “viticultor” divino retira os ramos que não dão fruto (Jo 15.2). Não
existe obra agradável a DEUS sem a fé, não existe fruto sem raiz. Mas tampouco
existe fé sem obras, bem como nenhuma raiz saudável sem fruto.
A humanidade deturpada pelo pecado se equipara a um
campo de espinhos. A roça do ser humano produz cardos e abrolhos (Gn 3.18),
porque a lavoura de DEUS, que é o mundo humano (Mt 13.38), lhe produziu “cardos
e abrolhos”. Agora DEUS lavrou e continua lavrando “algo novo”, fazendo com que
seja semeada a semeadura de sua palavra (Lc 8.11), com a finalidade de uma
colheita para ele (Mt 13.23,39; Ap 14.16). Em última análise, DEUS deitou uma
semente na lavoura do mundo, seu Filho amado (Jo 12.24). Passando pela morte,
ela dará “muito fruto”, ou seja, pessoas: filhos de DEUS serão configurados
segundo a natureza do Filho unigênito (Rm 8.29). Sua natureza, porém, é a
obediência perfeita. Ela pensa e atua com o Pai: “Eu não procuro a minha
própria glória…” (Jo 8.50). “Agrada-me, Senhor, realizar a tua vontade” (Sl
40.8). “Minha comida é fazer a vontade daquele que me enviou” (Jo 4.34). “Meu
Pai trabalha até agora, e eu trabalho também” (Jo 5.17). As obras por fé são um
fruto para DEUS. As “obras das trevas”, no entanto, são “infrutíferas” (Ef
5.11), imprestáveis para DEUS, atraindo o fogo do juízo (Mt 13.30).
b) Para nós mesmos. “Pode, acaso, semelhante fé
salvá-lo”, se na verdade não é fé? (Na realidade deveríamos colocar a palavra
“fé” entre aspas). Igualmente faz parte da fé, da comunhão de vida com JESUS,
que permaneçamos em sua comunhão quando ele quer nos levar consigo para servir.
A desobediência fica em débito com JESUS e lhe nega o discipulado. Essa é
atitude do rei Saul, a respeito do qual DEUS declarou: “Ele se voltou contra
mim” (1Sm 15.11). Dessa forma a vida de uma pessoa acaba em catástrofe.
Unicamente quem persiste na fé obediente em JESUS será salvo.
Fritz Grunzweig. Comentário Esperança Carta
De Tiago. Editora Evangélica Esperança.
2. O cristão e a caridade.
Somos chamados para a prática de boas obras, e
essas boas obras devem ser manifestas às pessoas próximas de mim. O exemplo
apresentado por Tiago traz um homem ou uma mulher que estão padecendo
necessidades básicas, como falta de roupas e falta de alimentação. A questão é:
podemos dizer a uma pessoa nessas condições: “Vá para sua casa, se aqueça e
coma bastante”, sem que possamos lhes dar o necessário para o seu corpo, como
roupas e comidas? Parece ilógico que um cristão faça isso com outro irmão, mas
ao que parece, era isso que estava acontecendo.
Talvez aqueles crentes que dissessem isso como se
esperassem que DEUS interviesse de forma sobrenatural na vida dos necessitados,
enviando maná e codornizes, ou quem sabe, trazendo água, carne e pão. E DEUS
age dessa forma? Claro que não. Pensemos nos contextos bíblicos apresentados.
DEUS mandou o maná no deserto para o povo de Israel, e eles não apenas
usufruíram daquele presente divino, mas aprenderam a lidar com ele de acordo
com as orientações de DEUS. Mas lembremo-nos de que esse povo estava saindo do
Egito, estavam em um deserto e dependeram unicamente de DEUS para sua provisão.
Para Elias, DEUS mandou carne por meio de corvos, e a água que o profeta
precisava consumir vinha do ribeiro de Querite. Mas DEUS ordenara a Elias que
se dirigisse àquele lugar depois de desafiar o rei Acabe. Elias não foi para lá
porque quis. Em ambos os casos, DEUS mesmo proveu o necessário para um grupo
imenso de pessoas, e depois para um único profeta.
DEUS pode fazer esses milagres hoje? Sim, pode, mas
já deixou claro orientações para que sejamos misericordiosos com os menos
favorecidos e os auxiliemos. DEUS é sim DEUS do impossível, mas não é DEUS do
absurdo. O que eu e você devemos fazer Ele não vai fazer, pois espera que o
obedeçamos e façamos a nossa parte.
A caridade é uma forma de demonstração da fé
cristã. Essa forma de demonstração jamais nos permitirá ser indiferentes à
pessoas que estão necessitadas de recursos.
Tiago não nos ordena a que falemos de JESUS às
pessoas. Ele não nos manda curar enfermos ou profetizar para demonstrar nossa
fé. Ele não nos manda ser ortodoxos em relação à teologia. Todas essas coisas
são importantes, mas não mais que um irmão necessitado que espera socorro de
DEUS, socorro este que será feito por um outro irmão em nome de DEUS.
Acredito que muitos cristãos pensam que fazer boas
obras e caridade são atributos de outros grupos religiosos, e que DEUS se
preocupa muito mais com a salvação de almas do que com o restante dos dias
dessas almas salvas. Esse é um pensamento errado. Há pessoas religiosas que
praticam boas obras porque acreditam que por elas serão salvas. Há outras
pessoas que utilizam as boas obras para se tornarem pessoas melhores nesta
vida, ou para que purguem pecados supostamente praticados em “outras vidas” por
meio da caridade. Em ambos os casos, o equívoco é claro. Boas obras não podem
salvar uma pessoa por mais devota quer ela seja, nem mesmo atenuar para um futuro
próximo atitudes ruins que teriam sido praticadas em uma suposta vida anterior.
Aqui está o problema. Muitos salvos em CRISTO veem
com indiferença as boas obras, por acharem que elas são a marca registrada de
pessoas que querem ser salvas sem aceitar a JESUS. Mas só porque esses grupos
de pessoas praticam boas obras, essas boas obras não atingem os mais
necessitados, mesmo que não proporcione aos praticantes, a salvação? Sim, os
mais necessitados são contemplados pelas boas obras que eles fazem e nós não fazemos.
As boas obras desses grupos não são inválidas,
mesmo que não lhes dê a salvação. E nossa fé, como pode ser considerada se
estiver divorciada de boas obras? Será que aos olhos de DEUS ganhamos pontos
extras com nossa indiferença para com os mais necessitados?
Tiago não conclui ainda seu pensamento. Para ele,
mostrar a imagem de uma pessoa necessitada utiliza um recurso extremo para
ilustrar seu pensamento: a fé em DEUS apenas sem as práticas não nos torna
melhores pessoas. Os demônios com certeza possuem um grande conhecimento sobre
DEUS, sabem de sua existência e estremecem. Mas nem por isso eles deixam de
cumprir as ordens de Satanás. Eles sabem que DEUS existe e o odeiam. Seu
conhecimento de DEUS os leva a manifestações cada vez mais rebeldes. Saber da
existência de DEUS e não praticar obras que coincidam com a mentalidade bíblica
é, ressalvadas as devidas proporções, comparável à crença que os demônios têm.
Saber da existência de DEUS é apenas um processo. A prática de boas obras é a
complementação desse processo.
Que DEUS nos ajude a não apresentar ao mundo uma fé
cristã morta, indiferente às necessidades de pessoas de nossas igrejas. Que eu
não imagine que minha posição de conforto, onde estou saciado de necessidades
básicas, me foi dada por DEUS por ser eu um filho mais digno que outros filhos.
Os mais necessitados da congregação são tão ou mais dignos, pois a estes, DEUS
deseja abençoar usando a minha vida como um canal. O socorro de DEUS para essas
pessoas está no bolso dos mais abastados. E que a caridade cristã seja um
diferencial na nossa vida e na vida das pessoas que vamos socorrer,
lembrando-nos de que nós mesmos poderíamos estar no lugar deles, e que se isso
ocorresse, gostaríamos de receber a ajuda que daremos.
Alexandre Coelho e Silas Daniel. Fé e
Obras, Ensinos de Tiago para uma Vida Cristã Autêntica. Editora
CPAD. pag. 86-88.
Tg 15-16 Têm sido descritos como uma “pequena
parábola” com a aplicação dada no versículo 17. João usa um argumento similar:
“Ora, aquele que possuir recursos deste mundo, e vir a seu irmão padecer
necessidade, e fechar-lhe o seu coração, como pode permanecer nele o amor de
DEUS?” (1 Jo 3.17, ARA). A intolerância de Tiago com a fé sem prática aparece
de forma aguda na seguinte paráfrase: “Se vocês tiverem um amigo que está
necessitado de alimento e vestuário, e lhe disserem: ‘Bem, adeus, e que DEUS o
abençoe; aqueça-se e coma bem’, e depois não lhe derem roupas ou alimentos, que
bem faz isso?” (A Bíblia Viva). Clarke comenta: “Ao falar isso para eles, sem
lhes dar nada, o proveito deles será igual à sua fé professada. Sem essas
obras, que são os frutos genuínos da verdadeira fé, qual será o seu proveito no
dia em que DEUS virá sentar e julgar a sua alma?
A. F. Harper. Comentário Bíblico Beacon.
Tiago. Editora CPAD. Vol. 10. pag. 169.
Tg 2.15 Tiago dá o exemplo de uma pessoa hipotética
que pode ter sido alguém que fazia parte da comunhão da igreja — um irmão ou
uma irmã — que estava realmente em necessidade. Não ter comida ou roupas
significa estar em uma situação desesperadora, mas muito comum. Hoje,
dificilmente há uma igreja na qual não haja pessoas que vivam sem alimento ou
abrigo adequados.
Tg 2.16 Alguma coisa podia ser feita por esta
pessoa necessitada. Havia abundância de roupas e alimentos entre aqueles que
estavam em comunhão suficientes para cuidar desta pessoa, porém ela se foi de
mãos vazias, com uma oração, mas sem roupas sobre o seu corpo ou alimentos no
seu estômago.
Com excessiva frequência, nós, que fazemos parte de
uma igreja, oferecemos meras palavras - orações, conselhos, estímulo - quando
somos chamados a agir. A necessidade é óbvia, e há recursos. Mas a ajuda não é
dada. “Que proveito virá daí?”, pergunta Tiago. A fé que não resulta em ações
não é mais eficaz do que uma oração piedosa pelo pobre que precisa ser aquecido
e alimentado. As palavras sem as ações não realizam nada.
Comentário do Novo Testamento Aplicação Pessoal. Editora CPAD. Vol 2. pag. 675.
Tg 2.15s Para nossos semelhantes.
c.1) “Que utilidade teria?”: Nossa vida cristã
precisa render algo para DEUS, para nós mesmos e não por último para nosso
ambiente. Temos de significar algo para ele. Nos dias em que viveu na terra
nosso Senhor tinha, pela ação do ESPÍRITO SANTO, um corpo humano para seu
serviço ao mundo. Com ele cumpriu a tarefa que o Pai lhe atribuiu: como
“missionário e médico” (David Livingstone). Agora tem para esse serviço, pela
ação do ESPÍRITO SANTO, novamente um corpo humano, um corpo feito de seres
humanos, sua igreja. E também ela precisa ser simultaneamente ambas as coisas,
missionária e médica. Nem somente missionária, nem tampouco – o que hoje requer
ser salientado – apenas médica. Unicamente assim nossa existência cristã traz o
“proveito” necessário aos nossos semelhantes.
c.2) Na seqüência Tiago fornece um exemplo das
interações humanas (que não precisa ter sido real), para que a idéia se torne
concreta e palpável e não encalhe na teoria: “Qual é o proveito se um irmão ou
uma irmã estiverem carecidos” (v. 15 – Também hoje existem por toda parte
carências, mais numerosas e diversificadas do que imaginamos). “…e qualquer
dentre vós lhes disser: Ide em paz… sem, contudo, lhes dar o necessário para o
corpo?” Em vista de várias necessidades ficamos tão perplexos e impotentes que
de fato não conseguimos fazer mais do que orar pelas pessoas e abençoá-las.
Isso não é vão, mas um grande serviço. Só que nossa fé não pode ser indiferente
(cf. Is 53.6a) nem mera amabilidade inativa para com nossos semelhantes. Somos
“cooperadores de DEUS” (1Co 3.9), membros do corpo de JESUS, suas ferramentas.
Quando suplicamos a DEUS é preciso que também nos deixemos transformar em
instrumentos da ajuda de DEUS e façamos o que está ao nosso alcance. Não apenas
colocamos em risco a nossa própria redenção quando nos separamos da obediência
e por isso da comunhão de nosso Senhor, mas também permanecemos devedores de
nossos semelhantes em questões decisivas para o corpo e para a alma.
Fritz Grunzweig. Comentário Esperança Carta
De Tiago. Editora Evangélica Esperança.
3. A “morte” da fé.
Tg 2.17 Interiormente morta, bem como exteriormente
inoperante. Ela não é apenas infrutífera, mas não tem uma vitalidade própria
capaz de produzir frutos de justiça. Essa fé é morta em si mesma, ou seja, não
há obras que a acompanham.
A menção específica de irmã (v. 15) é entendida por
Ross como uma evidência contra a teoria defendida por alguns, de que temos em
Tiago um documento pré-cristão de origem judaica. Ele escreve: “Irmãs’ devem
receber um tratamento igualitário em relação aos irmãos na Igreja dEle, onde não
há homem nem mulher (G1 3.28)”.
A. F. Harper. Comentário Bíblico Beacon.
Tiago. Editora CPAD. Vol. 10. pag.169.
A fé é uma doutrina chave no cristianismo. O
pecador é salvo pela graça mediante a fé (Ef 2.8,9), o justo vive pela fé (Rm
1.17).
Sem fé é impossível agradar a DEUS (Hb 11.6). Tudo
o que é feito sem fé é pecado (Rm 14.23).
Em Hebreus 11 encontramos a galeria da fé, em que
homens e mulheres creram em DEUS, viveram e morreram pela fé. Fé é a confiança
de que a Palavra de DEUS é verdadeira, não importam as circunstâncias.
Qual é o tipo de fé que salva uma pessoa? Nem todas
as pessoas que dizem crer em JESUS estão salvas (Mt 7.21).
Quais são as características de uma fé morta?
Em primeiro lugar, é uma fé que não busca uma vida
santa. A fé morta está divorciada da prática da piedade. Há um hiato, um abismo
entre o que a pessoa professa e o que a pessoa vive. Ela crê na verdade, mas
não é transformada por essa verdade. A verdade chegou a sua mente, mas não
desceu a seu coração. É um erro pensar que apenas recitar ou defender um credo
ortodoxo faz de uma pessoa um cristão. Assentimento intelectual, apenas, não é
fé salvadora. A fé que não produz vida, que não gera transformação, é uma fé
espúria (Mt 7.21).
Certo pastor, ao ser confrontado em razão de seu adultério,
respondeu um pregador: “E daí se eu estou cometendo adultério? Eu prego
melhores sermões do que antes”. Esse homem estava dizendo que enquanto ele
acreditasse e pregasse doutrinas ortodoxas, não importava a vida que ele
levava.'‘‘’ Mas Tiago ataca esse tipo de pensamento.
As igrejas estão cheias de pessoas que dizem que
creem, mas não vivem o que creem. Isso é fé morta.
Em segundo lugar, é uma fé meramente intelectual. A
pessoa consente com certas verdades, mas não é transformada por elas. No versículo
14, Tiago pergunta: “Pode, acaso, semelhante fé pode salvá-lo?” Quando Tiago
usa a palavra semelhante, ele está falando de um certo tipo de fé, ou seja, a
fé apenas verbal em oposição à fé verdadeira. Ainda no versículo 14, ele
pergunta: “Que proveito há, meus irmãos, se alguém disser que tem fé e não
tiver obras?”
A fé aqui descrita existe apenas na base da
pretensão. A pessoa diz que tem fé, mas na verdade não tem. As pessoas com uma
fé morta substituem obras por palavras. Elas conhecem as doutrinas, mas elas
não praticam a doutrina. Elas têm discurso, mas não têm vida. A fé está apenas
na mente, mas não na ponta dos dedos.
Em terceiro lugar, é uma fé que não produz frutos
dignos de arrependimento. Essa fé é ineficiente, inoperante e não produz nenhum
resultado. Ela tem sentimento, mas não ação. Tiago dá dois exemplos para
ilustrar a fé morta (2.15,16). Um crente vem para a igreja sem roupas próprias
e sem comida. Uma pessoa com uma fé morta vê essa situação e não faz nada para
resolver o problema do irmão necessitado. Tudo o que ele faz é falar algumas
palavras piedosas (2.16).
Comida e roupa são necessidades básicas (iTm 6.8;
Gn 28.20). Como crentes, devemos ajudar a todos e, principalmente, aos que
professam a mesma fé (G1 6.10).
Seremos julgados por esse critério (Mt 25.40).
Deixar de ajudar o necessitado é fechar o coração ao amor de DEUS (I Jo
3.17,18). O sacerdote e o levita podiam pregar sobre sua fé, mas não
demonstraram a sua fé (Lc 10.31,32). João Calvino diz: “Só a fé justifica, mas
a fé que justifica jamais vem só”.
Em quarto lugar, é uma fé sem nenhum valor. Ela é
inútil.
A fé sem obras é inoperante (2.20). Se, de forma
geral a fé é inútil, ela também o é no caso da salvação!
Em quinto lugar, é uma fé incompleta. Tiago diz que
a fé sem as obras está incompleta (2.22), visto que são as obras que consumam a
fé. As obras são a evidência da fé.
Somos salvos pela fé para as obras (Ef 2.8-10). Se
não tem obras, não tem fé!
Em último lugar, é uma fé morta. Tiago é claro em
afirmar que a fé sem as obras está morta (2.17; 2.26),
e uma fé morta não salva ninguém. Essa fé
intelectual, inútil, incompleta e morta não salva ninguém. Ortodoxia sem
piedade produz morte. James Boyce diz que não podemos ser cristãos e, ao mesmo
tempo, ignorar as necessidades dos outros. Devemos reconhecer que, se há alguém
com fome e nós temos os meios para socorrê-lo, não somos cristãos de verdade se
não ajudarmos essa pessoa. Não podemos ser indiferentes às necessidades do
próximo e ainda professar que somos cristãos.
LOPES. Hernandes Dias. TIAGO Transformando
provas em triunfo. Editora Hagnos. pag. 48-51.
Tg 2.17 Uma convicção ou crença intelectual que se
recusa a obedecer aos mandamentos de CRISTO não é proveitosa - é morta. As boas
obras são o fruto da fé viva. Se não há ações positivas, então a fé professada,
na realidade, não é fé — é morta e inútil. As ações corretas provam que a nossa
fé é uma fé verdadeira. Crer envolve a fé acompanhada das ações. Se aqueles que
estão ao nosso redor observarem as nossas ações, eles deverão ser levados a
conhecer a fé que motiva tais ações. Se outros nos ouvirem falar de fé, eles
também deverão nos ver agir de acordo com esta fé.
Comentário do Novo Testamento Aplicação Pessoal. Editora CPAD. Vol 2. pag. 675.
Tg 2.17 “Assim, também a fé, se não tiver obras, é
morta em si mesma”: obras são sinal de vida da fé. Se no verão um galho não
tiver folhas, é necessário supor que está seco e morto. Se um ser humano não se
mexe mais, não respira nem denota mais pulsação, faltam os sinais vitais. Está
morto. Será que hoje não deveria ser dito também, em vista de muitos pretensos
crentes: “Tens o nome de que vives, mas estás morto” (Ap 3.1)? É infinitamente
importante darmos espaço ao convívio pessoal com nosso Senhor na atenção à sua
palavra e no diálogo com ele. Assim também perceberemos seu sinal para agir e
para esperar e, se sempre lhe obedecermos imediatamente, o perceberemos cada
vez melhor. Essa posição debaixo da condução do ESPÍRITO e na obediência
prática são os “sinais vitais” da fé. Por isso Paulo escreve: “Os que são
impelidos (guiados) pelo ESPÍRITO de DEUS são filhos de DEUS” (Rm 8.14), ou
seja, são crentes.
Fritz Grunzweig. Comentário Esperança Carta
De Tiago. Editora Evangélica Esperança.
II- EXEMPLOS VETEROTESTAMENTÁRIOS DE FÉ COM OBRAS
(Tg 2.18-25)
1* Não basta “crer”.
Tg 2.19 Algumas versões colocam a primeira parte do
versículo 19 em forma de pergunta (como ocorre na ARC): Tu crês que há um só
DEUS?. Tiago responde: Fazes bem (v. 19). Até aqui, tudo bem — mas isso não é
suficiente: também os demônios (daimonia) crêem e estremecem. Apenas fé — no
sentido de reconhecer DEUS sem responder a Ele em ação obediente — é uma
religião que mesmo os demônios professam (cf. Mt 8.29; Mc 1.24). Mas essa fé
não é uma fé salvadora; eles apenas estremecem (“tremem”, NVI). “A fé que eles
têm é mostrada pelo seu terror, uma emoção de interesse próprio, mas isso não
os salva”.3 João Wesley comenta acerca daqueles que têm uma fé tão limitada:
“Isso prova somente que vocês têm a mesma fé dos demônios [...] eles [...]
tremem com a expectativa terrível do tormento eterno. Essa fé certamente não
pode justificá-los nem salvá-los”.
Tg 2.20 A expressão: queres tu saber? (v. 20, lit.,
você gostaria de saber?), introduz esse novo rumo na argumentação. A pergunta
parece inferir uma relutância que beira a perversidade no homem questionado. O
sentido correto seria: “Você realmente quer uma prova irrefutável?”. O homem
vão significa “insensato” (NVI) ou “de cabeça vazia”. Trench diz que esse tipo
de homem “é alguém em quem a sabedoria superior não encontrou espaço, mas que
está inchado com uma vaidade vã do seu próprio discernimento”.5 Tiago repete
aqui sua premissa básica de que a fé sem as obras é morta (“inútil”, NVI; lit.,
sem obras, inativa). Essa fé sem vida não produz nada de importante.
A. F. Harper. Comentário Bíblico Beacon.
Tiago. Editora CPAD. Vol. 10. pag. 171.
A fé dos demônios (Tg 2.19)
A fé morta é uma fé que atinge apenas o intelecto.
A fé dos demônios atinge o intelecto e também as emoções. Os demônios têm um
estágio mais avançado de fé que muitos crentes. A fé dos demônios não é apenas
intelectual, mas também emocional. Eles creem e tremem! Crer é tremer não é uma
experiência salvadora. Você não conhece uma pessoa salva pelo conhecimento que
adquire nem pelas emoções que demonstra, mas pela vida que vive (Tg 2.18).
No que os demônios creem? Warren Wiersbe responde a
essa pergunta, dizendo: em primeiro lugar, os demônios creem que DEUS é um só.
Os demônios creem na existência de DEUS. Eles não são nem ateístas nem
agnósticos. Eles creem na “shemma” judaica: “Ouve ó Israel, o Senhor nosso Como
saber se minha fé é verdadeira ou falsa DEUS é o único Senhor”. Mas essa crença
dos demônios não pode salvá-los.
Em segundo lugar, os demônios creem na divindade de
CRISTO. Os demônios corriam para ajoelhar-se diante de CRISTO para adorá-lo (Mc
3.11,12). Eles sabiam quem era JESUS. Eles se prostravam aos pés do Senhor
JESUS.
Em terceiro lugar, os demônios creem na existência
de um lugar de penalidades eternas. Eles sabem que o inferno foi criado para o
diabo e seus anjos. Eles sabem que o inferno é destinado para todos aqueles
cujos nomes não forem encontrados no Livro da Vida. Eles não negam a existência
do inferno (Lc 8.31). Eles creem nas penalidades eternas.
Em quarto lugar, os demônios creem que CRISTO é o
suprem o Juiz que os julgará. Os demônios sabem que terão de comparecer diante
de CRISTO, o supremo juiz. Eles creem no julgamento final. Eles creem que todo
joelho se dobrará diante de CRISTO. Entretanto, os demônios estão perdidos,
eternamente perdidos. Uma fé meramente intelectual e emocional coloca-nos
apenas no patamar dos demônios.
A fé salvadora (Tg 2.20-26)
A fé salvadora pode ser sintetizada em três
palavras: notitia (conteúdo), assensus (concordância), fiducia (confiança):
conteúdo, concordância e confiança. A fé verdadeira inclui o intelecto, as
emoções e a vontade. O conteúdo da fé é a verdade de DEUS. Eu recebo essa
verdade e confio nela e por ela sou transformado.
Como Tiago descreve a fé verdadeira? Warren Wiersbe
responde a esta questão oferecendo vários pontos.
Em primeiro lugar, a fé salvadora está baseada na
Palavra de DEUS. James Boyce diz que o primeiro elemento da fé salvadora é o
conteúdo intelectual expresso como doutrinas básicas do cristianismo. Tiago
cita dois exemplos; Abraão e Raabe. Duas pessoas totalmente diferentes;
Abraão, o amigo de DEUS; Raabe, membro dos inimigos
de DEUS. Abraão, piedoso; Raabe, prostituta. Abraão, judeu; Raabe, gentia. O
que tinham em comum? Ambos confiaram na Palavra de DEUS. A questão não é a fé,
mas o objeto da fé. Não é fé na fé. Não é fé nos ídolos. Não é fé nos
ancestrais. Não é fé na confissão positiva. Não é fé nos méritos. E fé em DEUS
e em Sua Palavra. A fé está baseada em um conjunto de verdades. A fé está
estribada em DEUS e em Sua Palavra. Não é fé em subjetividades, mas fé na
Palavra.
Em segundo lugar, a fé salvadora envolve todo o ser
humano. A fé morta toca apenas o intelecto. A fé dos demônios toca o intelecto
e também as emoções. Mas a fé salvadora atinge o intelecto, as emoções e também
a vontade. A mente entende a verdade, o coração deseja a verdade, e a vontade
age com base na verdade.
LOPES. Hernandes Dias. TIAGO Transformando
provas em triunfo. Editora Hagnos. pag. 51-53.
Tg 2.19 A aceitação de um credo (mesmo que seja
verdadeiro) não é suficiente para salvar ninguém. Os demônios têm uma convicção
completa e absoluta de que há só um DEUS, mas eles se aterrorizam diante desta
verdade. Eles crêem em DEUS somente para odiá-io e resistir a Ele de todas as
maneiras possíveis.
A sua “fé” os leva a ações negativas, ao passo que
a fé de alguns dos leitores de Tiago não é suficientemente verdadeira para
fazê-los tremer. Os demônios estremecem de terror e demonstram que a sua “fé” é
verdadeira, ainda que mal direcionada.
Tg 2.20 Tiago dirige-se à sua pessoa hipotética que
tinha as opiniões acima e a chama de homem vão, literalmente um “homem vazio”.
Se a fé ao redor da qual construímos a nossa vida resultar vazia, nós
verdadeiramente somos pessoas vazias. “Queres tu saber que a fé sem as obras é
morta?” Há ocasiões em que nós precisamos de mais ensino ou compreensão para
responder às orientações de DEUS. Mas frequentemente sabemos o que deve ser
feito, contudo não estamos dispostos a agir. Quando se trata de colocar em
prática o que sabemos, você tem o hábito de obedecer a DEUS?
Comentário do Novo Testamento Aplicação Pessoal. Editora CPAD. Vol 2. pag. 675.
Tg 2.19 “Crês, tu, que há um (único) DEUS? Fazes
bem. Mas também os demônios creem isso e tremem”: O monoteísmo bíblico, a fé no
DEUS único era a riqueza de Israel diante de seu entorno gentílico. Constituía
a confissão diária do judeu devoto: “Ouve, Israel: O Senhor, nosso DEUS, é o
único DEUS” (Dt 6.4). Contudo não basta tê-lo por verdadeiro.
“Crer que…” ainda não é uma fé viva. Podemos ser
muito “ortodoxos” e apesar disso não crer corretamente. Podemos ter uma
teologia impecável na prancheta, mas apesar disso não ser salvos. Tiago afirma:
“Também os demônios „creem‟ isso” –
reconheceram a verdade, como evidenciam também diversos
relatos nos evangelhos (Mt 8.29; etc.). Mas lhe negam a obediência. “Reconhecer a
verdade e não lhe obedecer é diabólico” (Walter Warth). – “E
tremem”: isso vale também para o ser humano. Enquanto se limitar a ter
conhecimento sobre DEUS, mas buscar se afirmar contra ele, a mensagem de DEUS
não constitui para ele alegria, mas pavor (não surpreende que a muitas pessoas
se possa apresentar de tudo, menos a palavra de DEUS!). Somente depois que a
pessoa abrir mão de toda a resistência, capitular perante DEUS, entregar a vida
na mão de DEUS “para o que der e vier” e se deixar engajar por ele, a fé se
torna alegria e beatitude. Em contraposição, o inferno é “crer e apavorar-se”.
– É assim que Tiago responde aos que pensam que tudo em sua vida está em ordem,
que creem corretamente e têm uma teologia correta, e que no entanto não vivem
com JESUS e em seu discipulado.
Tg 2.20 “Queres, pois, (finalmente) compreender, ó
homem insensato, que a fé sem as obras é ineficaz?”: o ser humano natural não
consegue reconhecer o que a palavra de DEUS ordena, porque não quer admitir a
DEUS, não capitular diante dele nem lhe ser obediente.
O ser humano sempre busca viver sua própria vida
contrariando a DEUS. Esse é seu pecado original. É tolice persistir nesses
pensamentos autocráticos contra DEUS. “Os insensatos dizem no coração: Não há
DEUS” (Sl 14.1). “Falta de senso” é o adjetivo que Tiago dá a tal pessoa: de
forma inconsciente ou pouco consciente ela persiste em sua conduta. A atitude
básica do ser humano carnal, de oposição a DEUS (Rm 7.14; 8.7), constantemente
se exterioriza em sua conduta prática.
O ser humano natural sempre tenta preservar sua
vida autônoma de DEUS, não apenas quando está afastado de DEUS, mas também
quando lhe parece próximo: a) Ele pode ser como “estranho na casa”, calculando
perante DEUS seus feitos, o cumprimento de seu de dever e dos extras: “Jejuo
duas vezes por semana e pago o dízimo de tudo o que ganho” (Lc 18.12). Nesse
caso ele é como um filho que por um lado trabalha junto do Pai, mas que
apresenta suas reivindicações como um estranho e computa suas horas extras,
enquanto na realidade o Pai declara: “O que é meu, é teu” (Lc 15.31). Foi
contra esse descaminho que se voltou principalmente Paulo. Ainda que por esse
caminho o ser humano fosse capaz de cumprir sua obrigação, isso certamente não
seria condizente com um filho e com o amor. b) O ser humano retornado para DEUS
também pode ser como um estrangeiro e um corpo estranho na casa por ser
apático, não-interessado e inativo na obra que o Pai está realizando. É
primordialmente contra isso que Tiago se volta. Paulo e Tiago prestam um ao
outro um serviço de complementação mútua. No contexto da mensagem do NT não
podemos abrir mão de nenhuma dessas duas testemunhas.
Fritz Grunzweig. Comentário Esperança Carta
De Tiago. Editora Evangélica Esperança.
2. Abraão.
Abraão é considerado o pai da fé. Isso não
significa que ele foi o primeiro homem a ter a fé em DEUS, pois outros homens
são destacados na Bíblia como sendo pessoas que criam e obedeciam a DEUS antes
de Abraão. Entretanto, a Palavra de DEUS dá um destaque ao patriarca, pois
Abraão creu em DEUS e foi considerado um homem justo. E que momento da vida de
Abraão é destacado por Tiago? Justamente o momento em que o patriarca vai
oferecer seu único filho em holocausto ao Senhor. Aqui destacamos duas coisas:
Abraão ouviu a voz de DEUS quando Ele ordenou que o patriarca oferecesse seu
filho em holocausto, mas tambem obedeceu a DEUS quando Ele enviou seu anjo e
ordenou a Abraão que não estendesse sua mão contra o moço, para o sacrificar.
Foi sem dúvida uma prova difícil, mas Abraão confiou que DEUS iria fazer o
melhor, pois Ele mesmo havia prometido que faria de Abraão uma grande nação.
Ainda apresentando Abraão, Tiago diz que “...o
homem é justificado pelas obras, e não somente pela fé” (Tg 2.24). Como lidar
então com essa declaração de Tiago? As obras seriam um complemento para a fé
salvífica?
Tiago busca a praticidade da fé na vida cristã. Ele
não declara em momento algum que as obras salvam, se não a fé em JESUS seria
incompleta. Nem está colocando em cheque os ensinos de Paulo sobre a salvação
pela fé. O que ele está argumentando é que a fé precisa ser demonstrada em
atitudes. Matthew Henry coloca esse assunto assim:
Quando Paulo diz que “o homem é justificado pela
fé, sem as obras da lei” (Rm 3.28), ele claramente fala de um outro tipo de
obras do que Tiago tem em mente. Paulo fala em obras realizadas em obediência à
lei de Moisés, e antes de os homens abraçarem a fé evangélica. E ele estava
lidando com aqueles que se valorizavam tanto por conta das obras que rejeitavam
o evangelho (como Romanos 10 declara expressamente no início); mas Tiago fala
de obras realizadas em obediência ao evangelho, e como efeito e frutos
apropriados e necessários da sólida fé em JESUS CRISTO.
Ambos estão interessados em exaltar a fé do
evangelho, como aquele que somente pode nos salvar e justificar; mas Paulo o
exalta ao mostrar a insuficiência de quaisquer obras da lei antes da fé, ou em
oposição à doutrina da justificação por JESUS. Tiago exalta a mesma fé, ao
mostrar que são as realizações e os produtos genuínos e necessários dela.
Ainda dentro desse enfoque, Matthew Henry continua:
Paulo não somente fala de obras diferentes daquelas
em que Tiago insiste, mas ele fala em um uso completamente diferente que era
feito das boas obras daquele que aqui é instado e intencionado. Paulo estava
lidando com aqueles que dependiam de suas obras aos olhos de DEUS, e Ele
poderia muito bem torná-los sem valor. Tiago estava tratando com aqueles que
exaltavam a fé, mas não permitiam que as obras fossem usadas nem como
evidência; eles dependiam de uma mera profissão de fé, como suficiente para
justificá-los; e com esses ele bem teria de reforçar a necessidade e a grande
importância das boas obras.
Alexandre Coelho e Silas Daniel. Fé e
Obras, Ensinos de Tiago para uma Vida Cristã Autêntica. Editora
CPAD. pag. 89-90.
Tg 2.21-24 O Argumento de Abraão
O versículo 21 fala de Abraão como sendo
justificado pelas obras. Isso parece estar em contradição direta com Paulo, que
escreveu: “Creu Abraão [tinha fé] em DEUS, e isso lhe foi imputado como
justiça” (Rm 4.3; cf. G1 3.6). Tanto Tiago quanto Paulo recorrem à verdade em
Gênesis 15.6 para suportar seus argumentos. A reconciliação pode ser encontrada
nos eventos específicos na vida de Abraão à qual Paulo e Tiago se referem;
também no sentido em que usaram o termo justificado (v. 21).
Paulo refere-se à fé do patriarca Abraão no tempo
em que DEUS prometeu dar-lhe um filho (Gn 15.1-6). A sua fé era uma fé que
aceitava a promessa de DEUS sem ter provas concretas. Tiago, por outro lado,
referiu-se à fé do patriarca quando ofereceu sobre o altar o seu filho (Gn
22.1-19). “Tiago não está falando da imputação original de justiça a Abraão em
virtude da sua fé, mas da prova infalível [...] de que a fé que resultou nessa
imputação era uma fé real. Ela se expressava em uma obediência tão completa a
DEUS que 30 anos mais tarde Abraão estava pronto, em submissão à vontade
divina, para oferecer o seu filho Isaque. O termo justificado nesse versículo
significa na verdade ‘revelado para ser justificado’”.
A interação inseparável entre a fé cristã e a ação
é deixada clara em uma tradução mais recente do versículo 22: “Você pode ver
que tanto a fé como as obras estavam atuando juntas, e a fé foi aperfeiçoada
pelas obras” (NVI). Se aceitarmos a evidência de Tiago, devemos aceitar sua
conclusão: “Vocês vêem, portanto, que um homem é salvo pelo que ele faz, tanto
como pelo que ele crê” (v. 24, A Bíblia Viva).
A expressão Abraão, o nosso pai (v. 21) é, às
vezes, usada para apoiar o argumento de que os receptores dessa epístola eram
judeus ou pelo menos de origem judaica. Mas o conceito de Abraão como o “pai
dos fiéis” — gentios e judeus — era um conceito cristão do primeiro século (cf.
Rm 4.16; G1 3.7-9).
Em apoio à realidade da justiça de Abraão, Tiago
ressalta que ele foi chamado o amigo de DEUS (v. 23). Em 2 Crônicas 20.7,
Abraão é chamado de “amigo [de DEUS], para sempre”; e em Isaías 41.8, DEUS
chama Israel de “semente de Abraão, meu amigo”. Essa expressão “amigo de DEUS”
parece significar “que DEUS não escondeu de Abraão o que propôs fazer (veja Gn
17.17). Abraão foi privilegiado em ver alguma coisa do grande plano que DEUS
estava realizando na história. Ele exultou em ver o dia do Messias (veja Jo
8.56)”.
A. F. Harper. Comentário Bíblico Beacon.
Tiago. Editora CPAD. Vol. 10. pag.171-172.
A fé salvadora conduz à ação. Tiago cita dois
exemplos de fé que produziram ação; primeiro, o exemplo de Abraão. Gênesis 15.6
diz que Abraão creu e isso lhe foi imputado para justiça. Gênesis 22.1-19
mostra a obediência de Abraão ao oferecer o seu filho para DEUS, crendo que
DEUS poderia ressuscitá-lo (Hb 11.19). Abraão não foi salvo por obedecer a esse
difícil mandamento. Sua obediência provou que ele já era salvo. Abraão não foi
salvo pela fé mais as obras, mas pela fé que produz obras.
Como, então, Abraão foi justificado pelas obras,
uma vez que já tinha sido justificado pela fé (Gn 15.6; Rm 4.2,3)? Pela fé, ele
foi justificado diante de DEUS, e sua justiça foi declarada. Pelas obras, ele
foi justificado diante dos homens, e sua justiça foi demonstrada. A fé do
patriarca Abraão foi demonstrada por suas obras.
LOPES. Hernandes Dias. TIAGO Transformando
provas em triunfo. Editora Hagnos. pag. 53-54.
Tg 2.21 Tiago passa agora deste caso de estudo para
os personagens históricos do Antigo Testamento, os quais ele espera que
confirmem o que ele esteve ensinando a respeito da importância da fé ativa.
Abraão era um dos personagens do Antigo Testamento mais reverenciado pelos
judeus (veja Gn 11.27-25.11, para a biografia de Abraão). A obediência
admirável de Abraão, a ponto de estar disposto a sacrificar o seu filho
mediante uma ordem de DEUS, era a evidência das obras pelas quais Abraão foi
justificado.
O que Abraão estava fazendo quando ofereceu sobre o
altar o seu filho Isaque? Ele estava confiando em DEUS. A lição que podemos
tirar da vida de Abraão não é uma comparação entre os seus sacrifícios e os
nossos. Nós podemos esperar que, de uma forma ou de outra, a nossa fé tenha que
crescer de uma confiança interior às obras exteriores. No final, como Abraão,
nós também teremos que responder a esta pergunta: “Será que eu confio
verdadeiramente em DEUS?”
Tg 2.22 Abraão tinha uma grande fé em DEUS (Gn
15.6), mas Tiago destaca que a fé de Abraão era muito mais do que a simples fé
no único DEUS - o fruto da grande fé de Abraão estava nas suas obras: pelas
obras, a fé foi aperfeiçoada.
A sua fé produziu as suas obras, e as suas obras aperfeiçoaram
a sua fé, o que significa que elas a “melhoraram” ou a “amadureceram”. Crentes
amadurecidos e completos são produzidos por meio da perseverança em meio às
dificuldades; a fé amadurecida e completa é produzida por meio de obras de
obediência a DEUS. A fé e as obras não devem ser confundidas entre si, tampouco
devem ser separadas.
Tg 2.23 Abraão tinha fé em DEUS, de modo que DEUS
deu a Abraão o status de um relacionamento correto com Ele - e isto aconteceu
antes das obras admiráveis de Abraão (tais como a sua disposição de sacrificar
Isaque), antes mesmo que Abraão fosse circuncidado (veja as palavras de Paulo
em Romanos 4.1-17). As Escrituras às quais Tiago se refere aqui constam em
Gênesis 15.6; “E creu Abraão em DEUS, e foi-lhe isso imputado como justiça”.
Tiago mostrou que a justiça de Abraão era a base e
a razão de todas aquelas obras. Devido à grande fé e obediência de Abraão, ele
teve o status privilegiado de ser chamado “o amigo de DEUS” (veja também 1 Cr
20.7; Is 41.8). Demonstrar a nossa confiança em DEUS nos levará à comunhão com
Ele, como aconteceu no caso de Abraão.
Tg 2.24 O homem é justificado pelas obras e não
somente pela fé. Muitos disseram que esta declaração contradiz a opinião de
Paulo, que escreveu: “O homem é justificado pela fé, sem as obras da lei” (Rm
3.28). Na verdade, se tanto Tiago como Paulo tivessem usado a palavra
“justificado” da mesma maneira, este versículo contradiria o ensino de Paulo
sobre a justificação somente pela fé. Mas, para Tiago, ser “justificado” refere-se
ao veredicto final de DEUS sobre toda a nossa vida cristã, segundo o qual somos
declarados justos por termos vivido uma vida que foi fiel até o final. Para
Paulo, ser “justificado” refere-se à concessão inicial da justiça depois que
uma pessoa aceita CRISTO. Para Tiago, “obras” (aquilo que fazemos) são os
produtos naturais da fé verdadeira; para Paulo, “obra” (“obedecer à lei”) é
aquilo que as pessoas estão tentando fazer para ser salvas. Para Tiago, a fé
sozinha é uma crença superficial em um conceito; não há nenhum comprometimento
ou transformação de vida.
Para Paulo, a fé é a fé salvadora - a fé que
propicia uma união íntima com CRISTO e que resulta na salvação e na obediência.
Paulo deixou claro que uma pessoa só entra no reino de DEUS pela fé; Tiago
deixou claro que DEUS exige boas obras daqueles que estão no reino.
Uma pessoa só recebe a salvação pela fé, e não
realizando obras de obediência. Mas uma pessoa salva realiza obras de
obediência por causa daquela fé. Para as pessoas que confiam na sua “ocupaçáo”
religiosa para a sua salvação ou para o seu mérito diante de DEUS, as palavras
de Paulo são cruciais – estas obras sozinhas não podem fazer nada para
salvá-las. Para as pessoas que confiam na sua concordância intelectual com uma
crença, apenas com um comprometimento verbal, as palavras de Tiago são cruciais
- a sua fé sozinha não pode fazer nada para salvá-las.
Duas perguntas breves que nos ajudam a monitorar a
nossa saúde espiritual são: Em quem estou confiando? E: Por que estou
trabalhando? Se nós confiamos em alguém (inclusive em nós mesmos) além de
CRISTO como a fonte e o provedor da nossa justificação, estamos perdidos. Se
nós estamos agindo por qualquer razão que não seja a obediência e a ação de
graças a CRISTO por tudo o que Ele fez por nós, estamos perdidos. E somente em
CRISTO que podemos encontrar verdadeiramente a nossa salvação. Da nossa
confiança nele é que surgirão as obras.
Comentário do Novo Testamento Aplicação Pessoal. Editora CPAD. Vol 2. pag. 675-677.
Tg 2.21 “Não foi nosso Pai, Abraão, justificado por
obras, quando ofertou Isaque, seu filho, sobre o altar?”: Js 24.2 afirma que
também Abraão teria servido “a outros deuses além do rio Eufrates”. DEUS o
chamou por liberdade e graça, e não porque Abraão tivesse sido uma “categoria especial”
em termos morais ou religiosos. Abraão creu nessa escolha misericordiosa de
DEUS para um serviço especial, também por meio do povo que descenderia dele (a
despeito de todas as evidências). Em virtude dessa fé DEUS justificou Abraão
(Gn 15.6; Rm 4.3; Gl 3.6).
Contudo, ao mesmo tempo a fé de Abraão também foi
ação. Isso se evidencia particularmente no começo e no final de sua trajetória
de fé: na partida (Gn 12.4) e ao se dirigir ao monte Moriá, onde deveria
sacrificar o filho (Gn 22). Do contrário DEUS não o teria usado para seus
objetivos, e sua fé não teria sido aprovada. A fé de Abraão, portanto, foi
também um renovado ato de fé. Não teria bastado se Abraão tivesse permanecido
em sua tenda, imerso em reflexões devotas. Constantemente tinha de pôr-se a
caminho. Também hoje a fé, para ser genuína, precisa pôr-se a caminho
regularmente, rumo à terra desconhecida, a tarefas complexas e a sacrifícios.
Tg 2.22 “Aí vês como a fé operava juntamente com as
suas obras”: fé e obras não podem ser separadas, assim como acontece com raiz e
fruto. Juntas constituem o todo.
“A fé foi aperfeiçoada por meio das obras”: uma
macieira fértil é macieira durante o ano todo, no sentido pleno, porém, ela
ainda não é macieira no inverno, mas apenas no outono, quando de fato está
coberta de frutos maduros. Nesse sentido é somente o fruto que plenifica a fé.
– Outro aspecto é que o fruto também tem repercussões para a própria fé. Abraão
não retornou do Monte Moriá da forma como foi para lá: experimentara um grande
fortalecimento e incremento em sua fé. Não os teria obtido se tivesse
permanecido em casa e se negado a obedecer. Atualmente é frequente a busca por
fórmulas para estimular as pessoas na fé, e chega-se às mais exóticas
respostas. Aqui nos é dito singelamente: viva a obediência da fé, dê passos de
fé, sirva com fé, sofra pela fé, e ela se fortalecerá e será aperfeiçoada!
Obediência e conhecimento estão interligados. JESUS afirma: “Se alguém quiser
fazer a vontade dele, conhecerá a respeito da doutrina, se ela é de DEUS ou se
eu falo por mim mesmo” (Jo 7.17). Em contraposição, o conhecimento já obtido se
dissipa e desaparece em decorrência da obediência negada. Também nesse caso
vale: “Ao que não tem, até o que tem lhe será tirado” (Mt 25.29).
Tg 2.23 “É assim que se cumpre a palavra da
Escritura (Gn 15.6)”: Pelo fato de que DEUS escolheu a Abraão sem mérito e
dignidade e de ele o aceitar e se deixar engajar por isso, ele é correto para
DEUS, ou melhor, DEUS o declara justo. Passou a ser chamado “amigo de DEUS”,
amado e íntimo (cf. Is 41.8; também Êx 33.11). Quem vive na comunhão com nosso
Senhor JESUS CRISTO, quem aceita sua graça e se encontra no discipulado e na
obediência dele torna-se amigo dele (Jo 15.15). E JESUS declara: “Quem me vê,
vê o Pai” (Jo 14.9).
Tg 2.24 “Vedes que uma pessoa é justificada por
causa de suas obras e não simplesmente da fé”: Tiago chega a essa conclusão
geral. Paulo, porém, escreve: “Concluímos, pois, que o homem é justificado pela
fé, independentemente das obras da lei” (Rm 3.28). Não sabemos qual carta foi
escrita antes, a carta aos Romanos ou a carta de Tiago. Tampouco sabemos – na
hipótese de que a carta aos Romanos seja a mais antiga – se Tiago viu uma das
cópias da carta de Paulo, que certamente eram raras. Com suas palavras poderia
ter-se dirigido apenas contra um Paulo mal-interpretado, contra a opinião de
que a graça seria como uma poltrona confortável. No mais os dois “trens” não
colidem, porque não andam sobre os mesmos trilhos. Em Rm 3.28 está em jogo a
questão de como, afinal, acontece a aceitação do pecador por DEUS (na parábola
de Lc 15.11ss: o filho pródigo aceito pelo pai). Paulo diz: não por “obras da
lei”, ou seja, não quando o filho cumpre quaisquer condições prévias, mas
unicamente pela aceitação confiante da bondade do Pai. Tiago, porém, tem em
vista outra questão: como o filho aceito misericordiosamente passa a se
conduzir na casa do pai; a aceitação da bondade do pai tem de ser sucedida pela
disposição de se deixar engajar por essa bondade. DEUS nos acolhe assim como
somos, mas ele não nos deixa permanecer como somos.
Fritz Grunzweig. Comentário Esperança Carta
De Tiago. Editora Evangélica Esperança.
3. Raabe.
Raabe é trazida como um exemplo de fé na Carta de
Tiago. Primeiro o apóstolo fala de Abraão, o pai da nação israelita, mas depois
apresenta uma mulher igualmente de fé. A origem de ambos é diferente, mas a
Bíblia apresenta no texto os atos de cada um relacionados com suas crenças.
Raabe era uma prostituta de Jericó. Ela ganhava a
vida oferecendo seu corpo para saciar a lascívia dos homens. Ela não conhecia
ao Senhor, mas depois que soube o que DEUS fez com Israel, abrindo o rio Jordão
na época da cheia, seu coração se encheu de temor e fé no DEUS dos hebreus. Sua
fé foi de tal forma impressionante que ela escondeu em sua casa os espiões que
Josué mandou para verem a cidade, e além de os esconder, orientou que fossem
por um caminho diferente do caminho de seus perseguidores.
Esse foi sem dúvida um ato de fé. Ela colocou sua
própria vida em risco para proteger os espiões de Israel, mas por sua fé, por
crer que DEUS realmente iria destruir aquela cidade, ela não apenas protegeu os
emissários de Josué, como também pediu por sua própria vida e pela vida de seus
parentes.
Aqui cabe uma observação.
Dentro dessa mesma narrativa associada à queda de
Jericó, em que uma mulher ímpia aprendeu a ter fé em DEUS, vemos o caso de Acã,
um homem do povo de DEUS que não pensou duas vezes para roubar aquilo que DEUS
disse que não deveria servir de despojo de guerra.
E uma conclusão triste, mas real. E possível
encontrar em nossos templos pessoas que congregam conosco mas que perderam o
temor ao que DEUS ordena, mas também podemos encontrar fora da igreja pessoas
que terão mais fé naquilo que DEUS falou.
Tiago usa as figuras de Abraão e de Raabe como
exemplo de que não basta apenas ter uma fé, e sim que é preciso colocá-la em
prática. Fé não pode ser um conceito doutrinário pronto apenas para ser
apresentado e ensinado, mas acima de tudo, vivido. E essa fé pode ser manifesta
de diversas formas. Abraão tinha uma promessa de DEUS para sua vida, a de que
seria pai de uma grande multidão de pessoas. Raabe não tinha nenhuma promessa,
mas confiou em DEUS mesmo assim, com base no que ela ouviu sobre o que o Eterno
tinha feito, e foi salva junto com sua família.
Alexandre Coelho e Silas Daniel. Fé e
Obras, Ensinos de Tiago para uma Vida Cristã Autêntica. Editora
CPAD. pag. 90-92.
Tg 2.25 Tiago escolheu Raabe, a meretriz (v. 25)
para seguir o exemplo de Abraão, o fiel, em sua exposição de provas do Antigo
Testamento, de que a fé não funciona sem obras. Nesse caso, recebe o apoio do
autor aos Hebreus (cf. Hb 11.17-19, 31). Tiago parece enfatizar que o princípio
que ele tem defendido é universal e que não há espaço para exceções. Ele cita
Raabe, que era “gentia, mulher e prostituta”.
Em Hebreus, o autor ressalta que a ação de Raabe
era “por fé”. Tiago não nega isso, mas insiste que ela foi justificada pelas
obras, no sentido de que suas ações eram uma prova da sua fé. “Ela cria em DEUS
e evidenciou a sua fé pelo transtorno que enfrentou ao receber os espiões e
auxiliá-los a escapar, arriscando a sua própria vida. Certamente, essa não era
uma fé comum!”
A. F. Harper. Comentário Bíblico Beacon.
Tiago. Editora CPAD. Vol. 10. pag. 172.
Segundo, o exemplo de Raabe. Ela creu e agiu. Ela
ouviu a Palavra de DEUS e reconheceu que estava em uma cidade condenada. Ela
não somente entendeu a mensagem, mas seu coração foi tocado (Js 2.11), e assim
fez alguma coisa: protegeu os espias (Hb 11.31). Ela arriscou sua própria vida
para proteger os espias. Mais tarde ela fez parte do povo de DEUS (Mt 1.5) e
tornou-se membro da genealogia de CRISTO. Isso é graça que opera a fé
salvadora.
O apóstolo Paulo diz que do mesmo jeito que somos
destinados para a salvação, somos também destinados para as boas obras. Se a
ordenação é determinativa no caso da salvação, também o é no caso das boas
obras. A salvação é só pela fé, mas por uma fé que não está só. Uma fé viva se
expressa por obras, ou seja, uma vida que traz glória a JESUS.
Paulo ainda nos exorta a um auto-exame;
“Examinai-vos a vós mesmos se permaneceis na fé; provai-vos a vós mesmos. Ou
não sabeis quanto a vós mesmos, que JESUS CRISTO está em vós? Se não é que já
estais reprovados” (2Co 13.5). A fé salvadora precisa ser examinada; houve um
tempo em que, sinceramente, reconheci meu pecado diante de DEUS? Houve um tempo
em que meu coração desejou fortemente fugir da ira vindoura? Houve um tempo em
que compreendi que CRISTO morreu pelos meus pecados e já confessei que não
posso salvar-me a mim mesmo? Houve um tempo em que sinceramente eu me arrependi
de meus pecados? Houve um tempo em que realmente depositei minha confiança no
Senhor JESUS? Houve um tempo em que de fato houve mudança em minha vida? Desejo
viver para a glória de DEUS, pregar a salvação para os outros e ajudar os
necessitados? Tenho prazer na intimidade com DEUS? Se você pode responder a
essas perguntas positivamente, então os sinais da fé verdadeira estão presentes
na sua vida.
LOPES. Hernandes Dias. TIAGO Transformando
provas em triunfo. Editora Hagnos. pag. 54-55.
Tg 2.25 Da mesma maneira, até mesmo Raabe, a
meretriz, foi também justificada pelas obras. O julgamento final sobre a vida
de uma pessoa leva em consideração a justiça que esta pessoa mostra por meio de
suas obras. Mas, por que Tiago menciona Raabe? Depois de falar da grande fé de
Abraão, o patriarca de Israel, Tiago citou o exemplo de Raabe, uma mulher pagã
que tinha uma má reputação (veja Js 2.1-24; 6.22-25).
Porém, estas duas pessoas, por mais opostas que
fossem, consolidaram o argumento de Tiago – as duas tinham sido justificadas
com base nas obras que resultaram da sua fé. O contraste não é entre a fé e as
obras, mas entre a fé genuína e a falsa.
Comentário do Novo Testamento Aplicação Pessoal. Editora CPAD. Vol 2. pag. 677.
III- A METÁFORA DO CORPO SEM O ESPÍRITO PARA
EXEMPLIFICAR A FÉ SEM OBRAS (Tg 2.26)
1. Uma analogia do corpo sem espírito.
Um dos pressupostos do cristianismo é que a vida é
um dom de DEUS, e esse presente é fruto da junção da parte material do ser
humano (o corpo) e a parte imaterial (alma e espírito). Isso significa que se
alguma dessas duas partes se separar, a vida se extingue. A morte separa essas
partes. Nesses casos, não resta nada ao corpo a não ser sepultado, para que se
decomponha.
Tiago apresenta esse recurso comparativo para
mostrar o quanto uma fé sem prática é ineficaz. Um corpo sem espírito pode ser
completo, mas está morto. Ele possui coração, pulmões, cérebro, membros,
sistemas digestivo, nervoso, respiratório e circulatório, mas nada disso
funciona porque nele não há vida. Uma vez morto, o corpo se degenera, exala mau
cheiro e se torna repugnante para as pessoas. Para esse ser que antes estava
vivo, nada mais resta senão ser sepultado, ou contaminará o ambiente dos que
estão vivos.
Alexandre Coelho e Silas Daniel. Fé e
Obras, Ensinos de Tiago para uma Vida Cristã Autêntica. Editora
CPAD. pag. 92.
Tg 2.26ª Este versículo se parece com o décimo
sétimo versículo, onde a ideia é amplamente comentada, exceto que ali há a pequena
ilustração do corpo, que é morto se não tiver espírito. O autor sagrado exibe,
incidentalmente, sua crença na inseparabilidade entre o corpo e a alma, dando a
entender a imortalidade desta última.
Este versículo, que declara que a fé pode estar
morta como um cadáver, se não for acompanhada por suas obras, é uma conclusão
apropriada para a secção inteira; e esse pensamento já foi expresso, nos
versículos dezessete e vinte, de maneira levemente diversa. Apesar de que
poderíamos esperar que a fé fosse representada pelo espírito, e que as obras
representassem o corpo, o autor sagrado reverte isso. O fato que as obras são
equiparadas ao espírito, que dá vida ao corpo, mostra que o autor sagrado sob
hipótese alguma elevava a fé acima das obras. Antes, ele deixa claro que formam
uma união perfeita, igualmente necessárias para a justificação do crente.
No dizer de Ropes (m loc.): «...para Tiago, a fé e
as obras cooperam para garantir a justificação; e pelas obras a fé é mantida
viva. Assim, pois, o corpo e o espírito cooperam para garantir a continuação da
vida. e, pelo espírito, o corpo é conservado em vida. Quando se dá ao vigésimo
segundo versículo o seu sentido verdadeiro, pode-se perceber que o paralelo é
melhor do que geralmente se pensa».
«...espírito...» O espírito imortal está em foco, e
não a "respiração". O judaísmo helenista chegou a rejeitar o
pensamento do judaísmo mais antigo sobre a natureza metafísica do homem. No
Pentateuco, o homem é visto meramente como um ser físico animado, devido à ação
do "sopro" de DEUS sobre ele. Porém, ali não há qualquer doutrina
declarada de um espírito imortal; pois, ao morrer o homem, não se espera que o
ser essencial sobreviva. A imortalidade da alma foi uma doutrina desenvolvida
fora da cultura judaica, em vários lugares do Oriente; e sua primeira
declaração formal foi feita por Platão, embora haja declarações na filosofia
grega anteriores a ele quanto a isso. Porém, o judaísmo helenista veio a
aceitar essa doutrina, e normalmente cria que a alma é preexistente em relação
ao corpo, não sendo criada por ocasião do nascimento (criacionismo), e nem
surgindo como parte da reprodução (traducionismo). Era natural, pois que muitos
rabinos, especialmente fariseus, tivessem aceitado a reencarnação como uma
verdade da experiência humana comum. Julgar que Tiago usa a palavra «espírito»,
neste caso, apenas como «respiração», «hálito», e não como o homem essencial, é
supor que ele rejeitava a teologia comum a seus dias tendo voltado à teologia
mais primitiva, o que é altamente improvável.
Seria coisa desnatural e impossível um corpo humano
existir vivo sem o espírito. Assim também a fé é desnatural, e está morta,
quando não é acompanhada por suas obras. E isso envolve qualquer tipo de fé,
mesmo tão genuína como a de Abraão, contanto que não seja fingida. Nossa fé
pode aceitar todos os conceitos ortodoxos, e podemos confiar verdadeiramente em
DEUS; mas, se ela não for acompanhada por obras de fé, isto é, a obediência à
sua lei, então tal fé será morta, não servindo mais para a justificação ou para
a obtenção da aprovação divina. Porém, a fé e suas obras, se permanecerem
juntas, serão vivas, conseguindo a aprovação de DEUS; e é disso que consiste a
salvação.
CHAMPLIN, Russell Norman, O Novo Testamento
Interpretado versículo por versículo. Editora Candeias. Vol. 5. pag.
51-52.
Tg 2.26ª E agora, o apóstolo chega à
conclusão de toda a questão: “Porque, assim como o corpo sem o espírito está
morto, assim também a fé sem obras é morta” (v. 26). Essas palavras são lidas
de diferentes formas; alguns as leem assim: Assim como o corpo sem respiração
está morto, assim é a fé sem obras. E então eles mostram que as obras
acompanham a fé, assim como a respiração acompanha a vida. Outros as leem
assim: Assim como o corpo sem a alma está morto, assim a fé sem obras está
morta também. E então eles mostram que assim como o corpo não tem ação, nem
beleza, mas se torna uma carcaça repugnante, depois que a alma se foi, assim
uma mera profissão sem obras é inútil, aliás, repugnante e ofensiva.
HENRY. Matthew. Comentário Matthew Henry
Novo Testamento ATOS A APOCALIPSE Edição completa. Editora CPAD. pag.
837.
Finalmente, Tiago usa a ilustração do corpo (v. 26)
que sem espírito está morto, para mostrar a conclusão que deseja confirmar. Um
corpo sem espírito não passa de um cadáver, inerte, sem possibilidade de se
movimentar, pensar agir ou mostrar qualquer sinal de vida. Boas obras não podem
ser realizadas por pedras; nem um corpo morto pode produzir ações. Igualmente
impossível seria que a fé transformadora deixasse de produzir manifestações
dessa fé. A fé como a própria vida mostra que existe por suas ações.
O autor de Hebreus também concorda com esse
ensinamento de Tiago. “A terra, que absorve a chuva que cai frequentemente, e
dá colheita proveitosa àqueles que a cultivam, recebe a bênção do Senhor. Mas a
terra que produz espinhos e ervas daninhas, é inútil e logo será amaldiçoada.
Seu fim é ser queimada” (Hb 6.7,8). Fé morta, como terra cheia de espinhos e
ervas daninhas, produz apenas “obras mortas” (Hb 9.16), isto é, atos que não
revelam um relacionamento vivo com DEUS por meio do ESPÍRITO SANTO. Se um
cristão professo não nasceu de novo (Jo 3.3,5), suas obras devem ser enterradas
como o são os cadáveres!
Russell P.
Shedd,. Edmilson F. Bizerra. Uma Exposição De Tiago A Sabedoria De DEUS. Editora Shedd Publicações.
2. Da mesma maneira: fé sem obras é morta.
A fé sem obras é igualmente passível de ser
extinta, de ser apenas um movimento intelectual. Pode haver teologia, mas sem
prática da fé cristã demonstrada nas obras, a teologia será apenas um
pensamento distante, mesmo que ortodoxo.
Já vimos que Tiago e Paulo não se chocam quando
tratam de fé e obras. Eles escrevem sobre o mesmo assunto de forma diferente
para públicos e situações diferentes. “A justificação de que Paulo fala é
diferente da tratada por Tiago; uma fala de nossa pessoa ser justificada diante
de DEUS, a outra fala da nossa fé ser justificada diante dos homens.”
O apelo de Tiago é para que os cristãos demonstrem
suas obras como uma representação de sua fé. Trata-se de um desafio diário, não
um momento estanque e único na vida de uma pessoa.
Timothy B. Cargal informa que há um jogo de
palavras na sentença de Tiago: “A fé sem as obras (ergon) é morta {arge, isto
é, a + ergon, sem efeito). Sabemos que uma pessoa recebe a salvação pela fé,
mas deve demonstrar sua fé por meio das obras. A fé correta faz o crente agir
de forma correta.
Assim completamos este estudo. A fé deve nos mover
em prol de boas ações, não para ser salvos, mas para demonstrar que somos
salvos, que nossa fé não é estática, e que DEUS pode usar nossas ações para
fazer apresentar a fé pura e imaculada.
Alexandre Coelho e Silas Daniel. Fé e
Obras, Ensinos de Tiago para uma Vida Cristã Autêntica. Editora
CPAD. pag. 92-93.
Tg 2.26 A fé e as boas obras são muito importantes
uma para a outra, assim como o corpo é importante para o espírito. As boas
obras não são acrescentadas à fé; na verdade, o tipo certo de fé é a fé que
realiza “obras”, que resulta em boas obras. Se não fosse assim, o cristianismo
não seria nada mais do que um conceito.
Ninguém é levado a agir se não tiver fé; a fé de
uma pessoa não será real a menos que a leve à ação. A ação é a obediência a
DEUS. Isto nos leva de volta às palavras de Tiago na primeira parte deste capítulo,
a respeito do cuidado pelos outros. O crente deve fazer o que DEUS o chama para
fazer - servir a seus irmãos e irmãs em CRISTO, recusar-se a discriminá-los, e
ajudá-los com boas obras.
Entender como a fé e as obras trabalham juntas
ainda não quer dizer que a nossa vida será diferente. Tiago está a ponto de
continuar com uma série de situações de vida que todos nós iremos encontrar. É
nestes eventos cotidianos que nós demonstramos se a nossa fé está viva ou
morta. De tempos em tempos, precisamos checar a nossa pulsação espiritual,
verificando se a nossa vida está de acordo com a Palavra de DEUS. Mas nós
também precisamos ter pessoas ao nosso redor, o corpo de CRISTO, a quem
possamos perguntar: “Como você me vê colocando em ação a minha fé em CRISTO?”
Comentário do Novo Testamento Aplicação Pessoal. Editora CPAD. Vol 2. pag. 677.
Tg 2.26b O erro combatido por Tiago: «Algumas
pessoas imaginam que podem agradar a DEUS se o acolherem no coração e na mente,
mas pouco fizerem por ele com suas ações; e que, por isso mesmo, podem cometer
pecados sem fazer violência à fé e sem temor; ou, em outras palavras, que podem
ser adúlteros, mas, ao mesmo tempo, ser castos, que podem envenenar seus pais,
e, contudo, ser piedosos! A julgar por tal raciocínio, aqueles que pecam, mas
são piedosos, podem ser lançados no inferno, e, contudo, serem perdoados! Mas
ideias como essas são produzidas pela hipocrisia de amigos declarados do
Maligno.
Uma oração: Então a controvérsia ruge entre os
legalistas e paulinistas. Mas Senhor enalteça minha espiritualidade acima das
contradições onde uma teologia ataca outra, onde um homem, com expressão de
sábio em sua face, odeia outro por suas opiniões serem diferentes. Que possa
minha alma ao invés disto clamar. Quanto de CRISTO tem-se formado em mim? Se
sou obrigado a responder - pouco, de que vale minha teologia? Que valor pode
possuir opinião certa para mim se o ESPÍRITO não tiver controle sobre meu
espírito, se outros à minha volta, cheios de necessidades, ouvem minhas
trivialidades, mas por minha vida deparam-se com o nada.
Oh espírito meu! Compre o campo onde o tesouro
precioso enterrado está. Oh alma minha! Dê toda a vida para encontrar aquela
única Pérola de Grande Valor!
E afasta de ti aquela praia onde as ondas violentas
da controvérsia teológica batem e tornam a bater incessantemente, onde homens
sussurram e mutilam-se por línguas afiadas pelo sectarismo.
CHAMPLIN, Russell Norman, O Novo Testamento
Interpretado versículo por versículo. Editora Candeias. Vol. 5. pag.
52.
Tg 2.26. Tiago conclui esta passagem, reafirmando
seu tema central: a fé sem obras é morta. Do mesmo modo que o corpo sem seu
espírito vivificante, ou “fôlego de vida” (Gn 2.7), não passa de um cadáver,
assim também a fé, sem as obras que lhe dão vitalidade, é morta. Novamente
percebemos que Tiago está preocupado não com que as obras sejam “acrescentadas”
à fé, mas, sim, com que se possua o tipo certo de fé, uma fé operante. Sem este
tipo de fé, o cristianismo torna-se uma ortodoxia estéril e perde todo o
direito de ser chamado de fé.
Um tanto quanto ironicamente, ninguém mais do que
Lutero captou com tanta força a mensagem básica de Tiago 2.14-26 (em seu
prefácio a Romanos):
“Oh! esta fé é uma coisa poderosa, sempre ativa e
viva. Para ela, é impossível não praticar coisas boas sem cessar. Ela não
pergunta se as boas obras devem ser praticadas, mas, antes que a pergunta seja
feita, ela já as praticou e está constantemente a realizá-las. Portanto,
qualquer pessoa que não pratica tais obras é uma descrente. Ela tateia e olha
ao redor em busca de fé e boas obras, mas não sabe o que é a fé nem o que são
as boas obras. Mas, mesmo assim, ela vive falando, usando muitas palavras,
acerca de fé e boas obras”.
Douglas J. Moo. Tiago. Introdução
e Comentário. Editora Vida Nova. pag. 116-117.
ELABORADO: Pb Alessandro Silva com algumas
modificações minhas - Ev. Luiz Henrique