segunda-feira, 2 de setembro de 2013

A ALEGRIA DO SALVO EM CRISTO - LIÇÃO 10



Lições Bíblicas CPAD
Jovens e Adultos
3º Trimestre de 2013

Título: Filipenses — A humildade de Cristo como exemplo para a Igreja
Comentarista: Elienai Cabral

Lição 10: A alegria do salvo em Cristo
Data: 08 de Setembro de 2013

TEXTO ÁUREO
Regozijai-vos, sempre, no Senhor; outra vez digo: regozijai-vos(Fp 4.4).

VERDADE PRÁTICA
Em tempos trabalhosos e difíceis, somente a alegria do Senhor pode apaziguar a nossa alma.

HINOS SUGERIDOS
139, 141, 186.

LEITURA DIÁRIA
Sl 92.1-5 – A alegria do Senhor traz gratidão
Ne 8.8-12 – A Palavra de Deus traz alegria
Fp 4.4 – Alegrai-vos no Senhor
Fp 4.4-7 – Alegria apesar das circunstâncias
Sl 43.4,5 – O Deus que nos alegra
At 4.24-31 – Alegria em meio à tribulação

LEITURA BÍBLICA EM CLASSE
Filipenses 4.1-7.
1 - Portanto, meus amados e mui queridos irmãos, minha alegria e coroa, estai assim firmes no Senhor, amados.
2 - Rogo a Evódia e rogo a Síntique que sintam o mesmo no Senhor.
3 - E peço-te também a ti, meu verdadeiro companheiro, que ajudes essas mulheres que trabalharam comigo no evangelho, e com Clemente, e com os outros cooperadores, cujos nomes estão no livro da vida.
4 - Regozijai-vos, sempre, no Senhor; outra vez digo: regozijai-vos.
5 - Seja a vossa equidade notória a todos os homens. Perto está o Senhor.
6 - Não estejais inquietos por coisa alguma; antes, as vossas petições sejam em tudo conhecidas diante de Deus, pela oração e súplicas, com ação de graças.
7 - E a paz de Deus, que excede todo o entendimento, guardará os vossos corações e os vossos sentimentos em Cristo Jesus.

INTERAÇÃO
Paulo enfrentou muitas dificuldades e humilhações no serviço do Mestre. Em 2 Coríntios 11.23-29 ele faz uma pequena relação de algumas das dores e perigos que teve que encarar por amor a Cristo. Todavia, o apóstolo não se deixou abater pelas dificuldades. Ele não permitiu que as aflições roubassem sua alegria. O contentamento de Paulo não dependia das circunstâncias, pois advinha da sua comunhão com Cristo. Quem tem a Jesus tem a alegria da salvação e pode se regozijar em toda e qualquer situação. Na obra do Senhor enfrentamos momentos ruins, mas a alegria concedida pelo Eterno nos dá forças para seguirmos em frente. Talvez professor, você esteja enfrentando momentos difíceis em seu ministério de ensino ou em sua família, porém não perca a força nem o ânimo. Confie no Senhor e permita que a alegria dEle inunde sua alma trazendo paz e esperança.

OBJETIVOS
Após esta aula, o aluno deverá estar apto a:
  • Exortar a respeito da alegria e firmeza da fé.
  • Compreender que a alegria divina sustenta a vida cristã.
  • Conscientizar-se a respeito da singularidade da paz de Deus.

ORIENTAÇÃO PEDAGÓGICA
Professor para introduzir a lição reproduza o quadro abaixo de maneira que cada aluno tenha uma cópia. Em classe, leia juntamente com os alunos, o texto bíblico de 2 Coríntios 11.23-29. Enfatize as muitas provações enfrentadas por Paulo. Depois faça a seguinte indagação: “Como ter alegria em meio à tribulação?”. Ouça os alunos com atenção e explique que a nossa alegria independe das circunstâncias externas. Ela é fruto de Cristo em nós, faz parte da nossa salvação. Em seguida leia o quadro com os alunos explicando os ensinos bíblicos a respeito da alegria.

OS ENSINOS BÍBLICOS A RESPEITO DA ALEGRIA INCLUEM:

(1) A alegria está associada à salvação que Deus concede em Cristo (1Pe 1.3-6; cf. Sl 5.11; Is 35.10).
(2) A alegria flui de Deus como um dos aspectos do fruto do Espírito (Sl 16.11; Rm 15.13; Gl 5.22). Logo, ela não nos vem automaticamente. Nós a experimentamos somente à medida que permanecemos em Cristo (Jo 15.1-11). Nossa alegria se torna maior quando o Espírito Santo nos transmite um profundo senso da presença e do contato de Deus em nossa vida (cf. Jo 14.15-21).
(3) A alegria, como deleite na presença de Deus e nas bênçãos da redenção, não pode ser destruída pela dor, pelo sofrimento, pela fraqueza nem por circunstâncias difíceis (Mt 5.12; 2Co 12.9).




COMENTÁRIO
introdução
Palavra Chave
Alegria: Estado de viva satisfação, de vivo contentamento; regozijo, júbilo.

Alegria, regozijo e contentamento são expressões comuns ao longo da Epístola de Paulo aos Filipenses. Paradoxalmente, elas revelam o coração do apóstolo na prisão de Roma. Paulo não se desesperou com o seu cativeiro, mas alegrou-se no Senhor. Ele sabia que estava nas mãos de Deus e contentava-se com as notícias de que a igreja de Filipos, fruto do seu árduo ministério, caminhava muito bem. O apóstolo não deixou se abater com as tribulações do seu ministério, pois nelas, ele via a providência amorosa do Altíssimo.

I. EXORTAÇÃO À ALEGRIA E FIRMEZA DA FÉ (4.1-3)
1. A alegria de Paulo. O primeiro versículo do capítulo 4 de Filipenses inicia-se com um “portanto”, justamente por ser continuação do capítulo 3, quando o apóstolo tratara do perigo dos “inimigos da cruz”. Aqui, Paulo diz que os crentes de Filipos são a sua “alegria e coroa” e aconselha-os a continuarem firmes no Senhor (v.1). A permanência dos filipenses em Cristo bastava para encher o coração do apóstolo de alegria. Por isso, ele manifestou o seu orgulho e os mais íntimos sentimentos de amor e carinho para com os irmãos de Filipos.
2. A alegria nas relações fraternas. Nem tudo, porém, era maravilhoso e perfeito na igreja de Filipos. Ali, estava ocorrendo um grande problema de relacionamento entre duas importantes mulheres que cooperaram na implantação da igreja filipense: Evódia e Síntique (v.2). Esse problema estava perturbando a comunhão da igreja e expondo a saúde espiritual do rebanho.
A fim de resolver a questão, Paulo se dirige a um obreiro local (Timóteo ou Tito, não sabemos) que, com Clemente e os demais cooperadores, procuraria despertar e restabelecer o relacionamento harmônico e fraterno entre Evódia e Síntique. Como verdadeiro pastor, o apóstolo tratou as duas mulheres com o devido cuidado e respeito, pois as tinha em grande estima pelo fato de ambas terem contribuído muito para o seu apostolado.
3. A alegria de ter os nomes escritos no Livro da Vida. O versículo 3 demonstra algo muito precioso para o cristão: a alegria de ter o nome escrito no livro da vida. Paulo menciona tal certeza, objetivando reafirmar a felicidade e a glória de se pertencer exclusivamente ao Reino de Deus.
Os filipenses tinham cidadania romana porque eram originários de uma colônia do império. Mas quando o apóstolo escreve sobre cidadania refere-se a uma muito mais importante que a de Roma. Nossa verdadeira cidadania vem do céu, e o “mesmo Espírito testifica com o nosso espírito que somos filhos de Deus” (Rm 8.16). Você tem convicção de que o seu nome está arrolado no Livro da Vida? Você compreende o valor disso?

SINOPSE DO TÓPICO (I)
O apóstolo não deixou se abater com as tribulações do seu ministério, antes procurou servir ao Senhor com alegria.

II. A ALEGRIA DIVINA SUSTENTA A VIDA CRISTÃ (4.4,5)
1. Alegria permanente no Senhor. A versão bíblica ARC emprega a palavra “regozijar” no lugar de “alegria” (v.4). O que é regozijar-se? É alegrar-se plenamente. A declaração paulina afirma que a fonte da alegria cristã é o Senhor Jesus, que promoveu a nossa reconciliação com Deus (Rm 5.1,11). Através dEle somos estimulados a permanecer firmes na fé (Rm 5.2). Que alegria!
É a presença viva do Espírito Santo em nós que produz essa certeza (Jo 16.7; Rm 14.17; 15.13). Nada neste mundo é capaz de superar as vicissitudes da vida como a alegria produzida em nosso coração pelo Senhor (Tg 1.2-4; Rm 5.3). O apóstolo sabia da batalha que os filipenses enfrentavam contra os falsos mestres. Estes fomentavam heresias capazes de criar dúvidas quanto à fé. E, por isso, Paulo imperativamente reitera aos filipenses: “Regozijai-vos sempre, no Senhor; outra vez digo: regozijai-vos”.
2. Uma alegria cuja fonte é Cristo. A alegria cristã tem como fonte a pessoa bendita do Senhor Jesus. É por isso que, mesmo em meio às adversidades sofridas em Filipos, o apóstolo teve grandes experiências de alegrias espirituais (At 16; cf. 1Ts 2.2). Isso só foi possível pelo fato de ele conhecer pessoalmente Jesus de Nazaré. Quando o apóstolo foi confrontado interiormente e pediu a Deus para que fosse tirado o “espinho de sua carne”, o Senhor lhe respondeu: “A minha graça te basta, porque o meu poder se aperfeiçoa na fraqueza” (2Co 12.9a). Após esse episódio, Paulo então pôde afirmar: “De boa vontade, pois, me gloriarei nas minhas fraquezas, para que em mim habite o poder de Cristo” (2Co 12.9b).
3. Uma alegria que produz moderação. O texto bíblico recomenda que a nossa “equidade [deve ser] notória a todos os homens”, pois “perto está o Senhor” (v.5). Na versão ARA, o termo “equidade” é traduzido como “moderação”. Ambas as palavras são sinônimas porque dizem respeito à amabilidade, benignidade e brandura. Levando em conta o contexto de Filipenses, os termos referem-se à pessoa que nunca usa de retaliação quando é provada ou ameaçada por causa de sua fé.
O apóstolo Paulo espera dos filipenses autocontrole e não um comportamento explosivo, próprio de pessoas destemperadas ou sem domínio próprio. Ele assim o faz, por saber que, aquele que tem a alegria do Senhor no coração, possui uma disposição amável e honesta para com outras pessoas, particularmente em relação àquelas inamistosas e más. William Barcklay escreve que “o homem que tem moderação é aquele que sabe quando não deve aplicar a letra estrita da lei, quando deve deixar a justiça e introduzir a misericórdia”.

SINOPSE DO TÓPICO (II)
Nada neste mundo é capaz de superar as vicissitudes da vida como a alegria produzida em nosso coração pelo Senhor.

III. A SINGULARIDADE DA PAZ DE DEUS (4.6,7)
1. A alegria desfaz a ansiedade e produz a paz. Além de gerar equidade, a alegria do Senhor desfaz a ansiedade, pois esta contraria a confiança que afirmamos ter em Deus. Nada pode tirar a nossa paz, perturbando-nos a mente e o coração. As nossas petições devem ser feitas humildemente, com ação de graças em reconhecimento à misericórdia do Senhor (v.6), ao mesmo tempo em que confiamos na providência do Pai Celeste.
2. Uma paz que excede todo o entendimento. No versículo 7, o apóstolo fala acerca da “paz de Deus, que excede todo o entendimento”. Ficando claro que a alegria e a paz são recíprocas entre si. Não há alegria sem paz interior. Esta é decorrência daquela. Essa paz vem do próprio Jesus: “Deixo-vos a paz, a minha paz vos dou; não vo-la dou como o mundo a dá” (Jo 14.27).
Em síntese, a paz de Deus transcende qualquer compreensão humana, pois não há como discuti-la filosófica ou psicologicamente. Há casos em que somente a paz de Deus acalma os corações perturbados. É a paz divina que excede — ultrapassa ou transcende — a todo o entendimento, pois não depende das circunstâncias.
3. Uma paz que guarda o coração e os sentimentos do crente. Ainda no versículo 7, lemos que essa paz, dada por Cristo, “guardará os vossos corações e os vossos sentimentos em Cristo Jesus”. O texto fala de “coração e sentimento”, cidadelas dos pensamentos e das emoções que experimentamos no cotidiano.
A paz de Deus é uma espécie de muro em torno de uma casa, objetivando protegê-la dos perigos externos. Ela torna-se um guarda fiel para o crente. Que saibamos, em Cristo, ouvir o belo conselho do sábio: “Sobre tudo o que se deve guardar, guarda o teu coração, porque dele procedem as saídas da vida” (Pv 4.23).

SINOPSE DO TÓPICO (III)
A paz divina que o Senhor nos concede excede a todo o entendimento, pois não depende das circunstâncias.
CONCLUSÃO
A Carta aos Filipenses, em sua completude, destaca a alegria do Senhor como uma virtude de sustentação da vida cristã. Não se trata de alegria passageira ou meramente emocional. A alegria do Senhor alimenta a nossa alma e produz paz e segurança, porque essa “paz é como uma sentinela celestial” que nos guarda do mal. Ora, a alegria também é “fruto do Espírito” (Gl 5.22), pois a presença dela em nós produz uma vida interior que supera todas as nossas vicissitudes.

VOCABULÁRIO
Arrolado: Relacionado em listagem.
ARC: Almeida Revista e Corrigida.
Vicissitude: Instabilidade dos acontecimentos. Eventualidade, revés.
Inamistosas: Hostis, adversárias.
Cidadela: Local seguro.

BIBLIOGRAFIA SUGERIDA

ZUCK, R. B. Teologia do Novo Testamento. 1 ed., RJ: CPAD, 2008.
RICHARDS, L. O. Comentário Histórico-Cultural do Novo Testamento. 1 ed., RJ: CPAD, 2007.

EXERCÍCIOS
1. A quem o apóstolo Paulo se refere como sua “alegria e coroa”?
R. Os crentes de Filipos.

2. Entre quais mulheres estava ocorrendo um problema de relacionamento na igreja de Filipos?
R. Evódia e Síntique.

3. Qual era a cidadania dos filipenses? Mas a qual devemos valorizar?
R. Os filipenses tinham cidadania romana. A cidadania que vem do céu.

4. Em sua completude, o que a Carta aos Filipenses destaca sobre a alegria?
R. A alegria divina sustenta a vida cristã.

5. De acordo com a lição o que a alegria divina é capaz de desfazer e produzir?
R. A alegria desfaz a ansiedade e produz a paz.








AUXÍLIO BIBLIOGRÁFICO I

Subsídio Teológico
“Seja a vossa equidade notória a todos os homens. Perto está o Senhor. O termo grego epieikes, equidade, descreve restrição de paixões, sobriedade ou aquilo que é apropriado. Pode significar boa disposição para com as pessoas (cf. Rm 14). Em 1 Timóteo 3.3 e Tito 3.2, a palavra é usada com um adjetivo que significa ‘não propenso a brigar’. A ideia é de ser tolerante, não insistindo em direitos próprios, mas agindo com consideração uns com os outros. Em questões que sejam dispensáveis, os crentes filipenses não devem ir a extremos, mas evitar o fanatismo e a hostilidade, julgando uns aos outros com indulgência. Perto está o Senhor pode ser aviso que a igreja primitiva costumava usar. Neste caso, Paulo está dizendo: ‘Qual é o propósito das rivalidades? Sede tolerantes uns com os outros para que Deus seja tolerante convosco quando o Senhor vier’. A frase também era entendida como promessa da proximidade do Senhor, e interpretada com relação ao versículo seguinte. Não estejais inquietos por coisa alguma [...] Embora possamos planejar o futuro (1Tm 5.8), não devemos ficar ansiosos quanto a nada (Mt 6.25). O segredo desta qualidade de vida é a oração e as súplicas. ‘Cuidado e oração [...] são mais opostos entre si que fogo e água’. Oração é geral e baseia-se nas promessas divinas, envolvendo devoção ou adoração. Súplicas são rogos especiais em tempos de necessidade pessoal e apelam para a misericórdia de Deus” (Comentário Bíblico Beacon. 1 ed., Vol. 9, RJ: CPAD, 2006, p.277).

AUXÍLIO BIBLIOGRÁFICO II
Subsídio Teológico
“Pessoal (4.2,3)
A advertência de Paulo nestes dois versos marca uma ocorrência incomum em suas cartas. É comum o apóstolo enfrentar os problemas, as objeções ou as falsas doutrinas dentro de suas igrejas. Porém, esta é uma das poucas ocasiões onde ele realmente nomeia as pessoas envolvidas (1 Tm 1.20). Na maioria das vezes, Paulo prefere manter os envolvidos em controvérsias no anonimato. O fato de mencionar aqui estes indivíduos reflete a seriedade da situação, seu relacionamento íntimo com os filipenses e sua alta consideração para com as duas irmãs a quem fez este sincero apelo. Obviamente ele considera estas mulheres, bem como o restante da congregação, como suficientemente maduros para lidarem com este assunto publicamente.
Paulo propõe um sério apelo às duas mulheres na congregação em Filipos, Evódia e Síntique (possivelmente diaconisas naquela igreja). As mulheres desempenharam um papel muito importante na fundação daquela igreja na macedônia (veja At 16.14).
[...] Paulo fala com cada uma das mulheres separadamente, possivelmente para mostrar sua imparcialidade na situação.
[...] Estas mulheres, juntamente com Clemente e outros cooperadores, têm combatido com Paulo como se estivessem em um combate de gladiadores (1.27), por amor ao evangelho. Agora, nestas ocasiões em que existem relacionamentos hostis, Paulo pede a este ‘verdadeiro companheiro’ que seja um parceiro para estas duas senhoras, a fim de trazer uma solução. É significativo que os termos ‘cooperadores’, ‘contender’ e ‘ajudar’ contenham a preposição ‘com’ (syn), enfatizando o papel vital da comunidade cristã e do trabalho em equipe, no pensamento de Paulo” (Comentário Bíblico Pentecostal Novo Testamento. 4 ed., RJ: CPAD, 2009, p.505).

SUBSÍDIOS ENSINADOR CRISTÃO
Alegria dos salvos em Cristo
O apóstolo Paulo abriu o capítulo 4 reconhecendo que os filipenses eram sua alegria e coroa. A alta estima que Paulo tinha à igreja de Filipos fazia com que o apóstolo não economizasse no vocabulário, riquíssimo de nobres sentimentos. Por isso, ele exortava os filipenses a estarem firmes no Senhor, numa espécie de redundância ao assunto exposto no capítulo anterior.
Em seguida conclama a Evódia e Síntique que sentisse o mesmo sentimento no Senhor. Amor, carinho, ternura e compaixão eram sentimentos que deviam está no coração dessas duas irmãs, pois afinal de contas, elas eram crentes fundadoras daquela comunidade. Estavam no início de tudo, lado a lado com o apóstolo na labuta da fé. Mas algo de errado ocorrera com estas duas preciosas irmãs no cotidiano da igreja.
Imediatamente Paulo pede a um obreiro local que auxilie essas irmãs, mas não somente ele, Clemente também e muitos outros cooperadores no Evangelho. Aquele era o momento onde os oficiais da comunidade local deviam socorrer e conciliar o relacionamento daquelas duas irmãs pioneiras. O objetivo dessa medida pastoral era que ao final de tudo, juntamente com toda igreja, Evódia e Síntique pudessem atender a convocação paulina: “Regozijai-vos, sempre, no Senhor; outra vez digo: regozijai-vos”.
Este relato ensina de maneira singular o quanto que o discípulo de Jesus deve valorizar o bom relacionamento com os irmãos. A comunhão entre irmãos é um instrumento de Deus para levar alegria ao coração daqueles que se sentem solitários ou deprimidos. Muitos são os irmãos que não tem a oportunidade de comungar com o outro irmão da mesma fé. A luz do relato de Evódia e Síntique, o crente em Jesus é estimulado a resolver a diferença com o seu próximo e viver a alegria de Deus com os irmãos.
O ambiente que promove união e comunhão é propício para não haver inquietações das almas e confusão de espírito. Neste ambiente se torna propício em Deus as petições dos santos serem conhecidas pelos outros com oração e súplicas e ação de graças. Então a paz de Deus que excede todo o entendimento guardará os corações e os sentimentos dos discípulos de Cristo Jesus, o nosso Senhor. A igreja local precisa ser este ambiente. Um lugar de Comunhão, Paz, Oração e Ação de Graças entre os irmãos.

A alegria do salvo em Cristo
Uma igreja que vive em unidade é caracterizada pelo sentimento comum entre os membros.
INTRODUÇÃO: No estudo desta semana daremos continuidade às recomendações práticas do Apóstolo aos cristãos de Filipos. A princípio, Paulo, o exemplo a ser imitado, motiva os cristãos filipenses a se firmarem na fé. Em seguida, mostra-lhes a importância da alegria divina, que não depende das circunstâncias, mas é produzida pelo Espírito. Posteriormente, apresenta um antídoto contra a ansiedade, cujo fundamento é a paz de Deus, que excede todo entendimento.

EXORTAÇÃO À FIRMEZA NA FÉ: Paulo identifica os irmãos da igreja de Filipos como sua “alegria e coroa” (Fp. 4.1). Em grego há duas palavras para coroa: diadema, que diz respeito a uma coroa real, e stefanos, à coroa usada pelos vencedores de atletismo. O termo usado pelo Apóstolo é stefanos, aludindo, assim, à conquista em uma competição olímpica. Ele sabia que, ao chegar ao céu, receberia um prêmio pelo seu labor pastoral. Os falsos mestres, ao contrário, buscavam prêmios terrenais, a vanglória humana. Mas Paulo busca uma premiação celestial, o reconhecimento do Senhor pelo seu trabalho. Em seguida, admoesta os cristãos a permanecerem “firmes no Senhor”. O verbo grego aqui usado é stekete, e está no imperativo, uma espécie de ordenança dada a um soldado. Nesse caso o lutador deveria permanecer em sua posição, sem deixar seu lugar estratégico. Muitos cristãos querem abandonar sua posição por qualquer motivo. Somos instados, pelo mesmo Apóstolo, a sermos firmes e constantes, abundantes na obra. E mais importante ainda, saber que, no Senhor, não nos homens, nossa obra não é vã (I Co. 15.58). Adiante Paulo destaca um problema de relacionamento na igreja de Filipos, que envolvia Evódia e Síntique. Essas irmãs não deveriam ser descartadas, mas ajudadas a amadurecerem na fé. Ao invés de buscarem o crescimento da obra, estavam digladiando-se entre si. Essas mulheres tornaram-se exemplos negativos de partidarismos nas igrejas, que impedem a maturidade espiritual (I Co. 3.4,5). Muitas igrejas estão adoecidas por causa das disputas por cargos nos departamentos. O corpo de Cristo não pode ser fragmentado por causa de vaidades pessoais, dos interesses particulares. Uma igreja que vive em unidade é caracterizada pelo sentimento comum entre os membros. Isso não quer dizer que todos devem ser iguais, uma das belezas da igreja está justamente na diferença. Existem pessoas de diferentes condições socioeconômicas na igreja, todas salvas pelo sangue do mesmo Cordeiro (Gl. 3.26-28). A diversidade pode existir, mas apenas nos aspectos periféricos, no principal, unidade deve prevalecer. A produção do fruto do Espírito (Gl. 5.22), em amor (I Co. 13), é o elo que consolida a igreja no Senhor.

ADMOESTAÇÃO À ALEGRIA DIVINA: O Apóstolo retoma o tema da alegria, certamente porque os cristãos filipenses estavam entristecidos. Os judaizantes colocavam um fardo tão pesado sobre os ombros das pessoas que essas não conseguiam ser alegres (At. 15.28,29). Os gnósticos apregoavam uma liberdade que era pura libertinagem, tornando as pessoas escravas dos prazeres. Contra esses caprichos humanos, a resposta de Paulo é a alegria que vem de Deus (Fp. 4.4). Alegria do Espírito, não é circunstancial. Ela é resultante da salvação em Cristo Jesus, que lança o ser humano na liberdade para servir em amor. Jesus atrai para Ele todos os que estão cansados e sobrecarregados, e coloca sobre eles o seu jugo, que é suave, e o seu fardo, que é leve (Mt. 11.30). Muitos atualmente querem felicidade, mas não buscam a verdadeira alegria. Os livros de autoajuda prometem uma felicidade de bens perecíveis. Mas a alegria que vem de Deus não resulta daquele que anda em derredor (I Pe. 5.8), mas nAquele que está dentro de nós (I Jo. 4.4). Em prosseguimento, Paulo orienta os filipenses quanto à moderação, epieikeia em grego. Esse é um termo bastante amplo, que diz respeito não apenas ao que é legal, mas ao que é certo. As leis são produções humanas, nem sempre estão corretas. Os cristãos vivem a partir de uma Lei maior, a de Cristo, exercitada em graça e amor (Rm. 13.10). O mundo se pauta pelas leis humanas, que merecem respeito, e na maioria dos casos, obediência. Mas existe uma lei que está acima de todas as leis, é a Lei de Deus, revelada em Sua palavra. É a partir dessa que o cristão deve viver, e mais importante, que essa sirva de testemunho da nossa fé em Cristo. Todos os homens devem reconhecer, pelas nossas práticas, que somos filhos de Deus (Tg. 2.14; I Jo. 3.7,8). Uma das motivações para o exercício da moderação é que o Senhor está perto. A dimensão escatológica é condição ética para o viver cristão, pois virá o dia em que todos prestaremos contas pelo que fizemos no corpo (Rm. 14.10). Muitos acham que o Senhor está demorando para voltar, por isso estão vivendo dissolutamente, mas Ele é longânimo (II Pe. 3.8,9). Ao Seu tempo Ele voltará para levar a Sua igreja, conforme prometeu (Jo. 14.1; I Pe. 2.9). Essa é a bendita esperança da igreja cristã (Rm. 8.23; I Co. 15.51,52; I Ts. 4.16,17; Tt. 2.13), não a ganância terrena, como muitos tem apregoado atualmente. Todos aqueles que têm essa esperança não vivem como bem entendem, mas de acordo com a vontade de Deus (I Jo. 3.3), perfeita, boa e agradável (Rm. 12.1,2).

A PAZ DE DEUS PARA VENCER A ANSIEDADE: A ansiedade é um problema crônico na sociedade contemporânea, por falta de alegria espiritual, não poucos estão angustiados. Essa ansiedade, pode resultar dos problemas de olharmos para as circunstâncias. A preocupação com as coisas materiais podem nos distanciar do foco, que é o céu. O mundo moderno, ao esquecer-se de Deus, perdeu a tranquilidade. O reino de Mammon é cruel, e desgraçado, não permite que as pessoas tenham paz. Por causa disso as muitas pessoas são destroçadas, sendo puxadas em direções opostas. Jesus advertiu a respeito dos perigos de viver em ansiedade constante (Mt. 5.19-34). O problema da ansiedade é que ela faz com que deixemos de confiar em Deus, e percamos a paz. O antídoto contra a ansiedade é a oração, este é o melhor remédio. Ao invés de andarmos ansiosos, devemos levar nossas preocupações para Deus (Fp. 4.6). Infelizmente tudo hoje em dia contribui para que deixemos de orar, até mesmo o excesso de atividades eclesiásticas. Essa geração esqueceu-se de orar porque se tornou dependente do pragmatismo. As pessoas querem resultados rápidos, negam-se a esperar com paciência pelo Senhor, tal como fez o salmista (Sl. 40.1). Como resultado, não conseguem desfrutar da paz de Deus, que excede “todo o entendimento” (Fp. 4.7). Somente a paz de Deus é capaz de guardar a nossa mente, nossos corações e sentimentos em Cristo. As adversidades, principalmente as perseguições, não conseguem abater o coração cuja mente está em Cristo. É essa paz, que nos guarda dos ataques circunstanciais. Nossas mentes precisam estar protegidas dos pensamentos mundanos. Para isso devemos levar cativo todo entendimento à obediência de Cristo (II Co. 10.5).

CONCLUSÃO: Os ensinamentos deste mundo, repassados pelos falsos mestres, levam as pessoas ao desespero. Muitos não conseguem desfrutar da alegria que vem de Jesus, produzida pelo Espírito Santo (Jo. 15.11). Os cristãos em Cristo permanecem firmes na fé, naquilo nos foi revelado pela Palavra, por isso estão sempre alegres, independentemente das circunstâncias. Esses, por sua vez, têm suas mentes guardadas por Deus, que lhes dá a paz que o mundo desconhece (Jo. 14.27), e que excede a todo entendimento. PENSE NISSO!

Deus é Fiel e Justo!