Lição 2: O Evangelho da Graça
TEXTO ÁUREO
“[...] contanto que cumpra com
alegria a minha carreira e o ministério que recebi do Senhor Jesus, para dar
testemunho do evangelho da graça de Deus” (At 20.24).
VERDADE PRÁTICA
O evangelho da graça de Deus é por
excelência o evangelho da libertação do homem através do sacrifício salvífico
de Jesus Cristo.
LEITURA DIÁRIA
Segunda — 1Tm 1.7
Falsos doutores da lei que não
compreendiam o que ensinavam
Terça — 1Tm 1.9,10
A Lei não foi feita para os justos,
mas para os injustos
Quarta — 1Tm 1.17
A Deus honra e glória para sempre
Quinta — 1Tm 1.20
Entregues a Satanás para que aprendam
a não blasfemar
Sexta — 2Tm 4.7
Combatendo o bom combate da fé cristã
Sábado — Gl 1.15
Paulo foi chamado pela graça de Deus
LEITURA BÍBLICA EM CLASSE
1 Timóteo
1.3-10.
3 — Como te roguei, quando parti para
a Macedônia, que ficasses em Éfeso, para advertires a alguns que não ensinem
outra doutrina,
4 — nem se deem a fábulas ou a
genealogias intermináveis, que mais produzem questões do que edificação de
Deus, que consiste na fé; assim o faço agora.
5 — Ora, o fim do mandamento é o amor
de um coração puro, e de uma boa consciência, e de uma fé não fingida.
6 — Do que desviando-se alguns, se
entregaram a vãs contendas,
7 — querendo ser doutores da lei e
não entendendo nem o que dizem nem o que afirmam.
8 — Sabemos, porém, que a lei é boa,
se alguém dela usa legitimamente,
9 — sabendo isto: que a lei não é
feita para o justo, mas para os injustos e obstinados, para os ímpios e
pecadores, para os profanos e irreligiosos, para os parricidas e matricidas,
para os homicidas,
10 — para os fornicadores, para os
sodomitas, para os roubadores de homens, para os mentirosos, para os perjuros e
para o que for contrário à sã doutrina.
HINOS
SUGERIDOS
27, 156,
464 da Harpa Cristã
OBJETIVO GERAL
Explicar o
que é o evangelho da graça de Deus.
OBJETIVOS ESPECÍFICOS
Abaixo, os objetivos específicos
referem-se ao que o professor deve atingir em cada tópico. Por exemplo, o
objetivo I refere-se ao tópico I com os seus respectivos subtópicos.
I. Mostrar porque as
falsas doutrinas corrompem o evangelho da graça.
II. Conscientizar-se de
que a graça superabundou com a fé e o amor.
III. Compreender o
significado do bom combate.
INTERAGINDO COM O PROFESSOR
Paulo foi escolhido e enviado pelo
Senhor para anunciar e ensinar o verdadeiro significado da graça. No Antigo
Testamento apenas Israel era o povo eleito de Deus. Porém, como prova do seu
amor altruísta, Deus enviou seu filho Jesus Cristo para morrer na cruz por toda
a humanidade. Jesus veio trazer salvação a todos. Em Cristo não há judeu,
gentio, servo, livre, homem ou mulher (Gl 3.28). O evangelho da graça,
diferente do judaísmo, não exclui ninguém. Todos são alvos do favor de Deus.
Somos salvos não pelas obras da Lei, nem pelas obras que realizamos, mas
recebemos o presente da salvação unicamente pela graça. Que você, juntamente
com seus alunos, louvem a Deus por sua infinita e abundante graça.
COMENTÁRIO
INTRODUÇÃO
Ao se despedir dos anciãos de Éfeso,
Paulo expressou seu sentimento de preocupação com o rebanho de Deus, pois tinha
receio de que na sua ausência as ovelhas do Senhor fossem atacadas (At
20.29,30). Sem dúvida, foi um sentimento dado pelo Senhor, pois sete anos
depois, Paulo estava deixando Timóteo em Éfeso, para combater os “lobos
cruéis”, que queriam “devorar” o rebanho sob seus cuidados pastorais. Nos dias
de hoje, há igrejas que abrigam falsos obreiros, que pervertem a sã doutrina
matando ou dispersando as ovelhas. [Comentário: Quando
Paulo despediu-se dos presbíteros de Éfeso, fez um dos mais belos discursos de
sua carreira. Com palavras eloquentes, desafiou os líderes daquela igreja a
assumirem um compromisso solene com Deus, com a Palavra e com a igreja. Para
encorajá-los, deu seu próprio testemunho, como segue: “Porém, em nada considero
a vida preciosa para mim mesmo, contanto que complete a minha carreira e o
ministério que recebi do Senhor Jesus para testemunhar o evangelho da graça de
Deus” (At 20.24). O ministério é regido por um ideal mais alto do que a própria
vida. “… para testemunhar o evangelho da graça de Deus”. Quando o ideal é maior
do que a vida, vale a pena dar a vida pelo ideal. Testemunhar o evangelho da
graça era o grande vetor da vida de Paulo. Ele respirava o evangelho. Vivia
pelo evangelho. Estava pronto a se sacrificar e a morrer pelo evangelho.
Nenhuma outra motivação governava sua vida. Não buscava grandeza para si mesmo.
Não cobiçava ouro nem prata. Não buscava para si riquezas nem fama. Mesmo
sofrendo ameaças e passando parte de sua vida encarcerado, jamais perdeu o
entusiasmo de viver nem o senso de urgência de proclamar o evangelho.
Considerava-se prisioneiro de Cristo e embaixador em cadeias. Mesmo diante das
mais terríveis adversidades, Paulo tinha o coração ardente, os pés velozes e os
lábios abertos para proclamar Cristo, a essência do evangelho. Adaptado
de “O Compromisso com o Evangelho da Graça”, Rev Hernandes Dias Lopes - http://hernandesdiaslopes.com.br/2013/08/o-compromisso-com-o-evangelho-da-graca/#.VZsophtViko.
Mas o que é esse Evangelho da Graça pelo qual Paulo ‘gastou’ sua vida? Alguém
já disse que se fosse definir, diria que o evangelho “é o anúncio da graça”. E
o grande apóstolo Paulo escreveu em Romanos que o evangelho da graça “é o poder
de Deus para a salvação de todo aquele que crer” (Rm 1.16 -18). O evangelho da
graça é o evangelho de Cristo. O evangelho que livra o homem das algemas da
religiosidade, do farisaísmo ferrenho, do tradicionalismo que mata, dos dogmas
religiosos que muitas vezes nos oprimem. Em seu livro O Evangelho da
Graça (Cultura Cristã), o teólogo americano e ex-pastor da
10ª Igreja Presbiteriana de Filadélfia, James Montgomery Boice, afirma “existir
para chamar a Igreja, no meio de nossa cultura decadente, a se arrepender do
seu mundanismo, recuperar e confessar a verdade da Palavra de Deus como os
reformadores o fizeram e ver tal verdade incorporada em doutrina, culto e vida”
(p 14).]. Vamos pensar maduramente sobre a fé cristã?
PONTO CENTRAL
Os falsos
ensinos corrompem o Evangelho da graça de Deus.
I. AS FALSAS DOUTRINAS CORROMPEM O EVANGELHO DA GRAÇA
1. O evangelho da graça. É o Evangelho libertador que Cristo trouxe ao mundo, por bondade
de Deus, independente das obras humanas (Ef 2.8,9). Paulo se referiu a esse
Evangelho de maneira muito eloquente (At 20.24). Ele conhecia esse Evangelho,
não apenas na teoria, mas por experiência própria. De modo inexplicável, o
blasfemo e perseguidor dos cristãos, foi escolhido para ser um dos maiores
pregadores do Evangelho de Cristo (1Tm 1.12-14). Será que daríamos oportunidade
a um indivíduo com tal histórico? [Comentário: A
nossa salvação é pela graça de Deus e de Cristo (Ef 2.8). E esta graça
representa um favor não merecido. O apóstolo anteriormente havia escrito sobre
quem ele era alguém que não merecia a misericórdia de Deus, mas que este graça
divina lhe alcançou. Sobre o Senhorio de Cristo, podemos encontrar em
Filipenses 2.11 e Romanos 1.4. Nesta aliança de misericórdia divina e falhas
humanas, entramos com a nossa fé, e o Senhor entra com sua superabundante
graça, que supera os nossos pecados, e saímos ganhando em tudo. Assim, a
religiosidade legalista mata e maltrata, ao contrário do evangelho da
graça, que é libertador, restaurador (Jo 8.32). Trata-se de um evangelho que
traz vida abundante (Jo 10.10). Não o evangelho do peso, nem do jugo (Mt
11.28-30), mas do alívio, da cura, da terapia, do refrigério e da restauração.
Não da religiosidade da acusação, mas da graça libertadora do perdão: “Onde é
que estão os teus acusadores? Nem eu tão pouco te condeno, vai-te e não peques
mais” (Jo 8.9-11). No Evangelho da Graça Cristo pagou, quitou uma vez por todas
para nos trazer libertação plena e completa: “Quando ele tomou o vinho, disse:
“tudo está completado”. Tudo está quitado e pago” (Jo 19.30).]
2. As falsas doutrinas (v.3). Os falsos mestres seriam presbíteros, a quem cabia a tarefa de ministrar
o ensino à igreja (1Tm 5.17; 3.2). As falsas doutrinas eram apresentadas como
“fábulas ou genealogias intermináveis” (1.4). As “fábulas” (gr.mythoi) eram
narrativas imaginárias, lendas, ficção. Na literatura, têm seu lugar. Mas, na
Igreja, não deve haver espaço para fábulas ou mitos. No texto, não fica claro
qual o conteúdo das “genealogias”, mas, ao lado das fábulas, eram ensinos que
traziam especulações e controvérsias inúteis que não edificavam os irmãos em
nada. Timóteo foi o mensageiro, enviado por Paulo, para enfrentar e combater
tais ensinos. Há igrejas evangélicas que aceitam esse tipo de ensino e permitem
que o emocionalismo tome lugar do verdadeiro avivamento espiritual. [Comentário: Note-se que Paulo não está
proibindo o uso do recurso didático ‘fábulas’ (A fábula é uma
narrativa em prosa ou poema épico breve de caráter moralizante, protagonizado
por animais, plantas ou até objetos inanimados. Contém geralmente uma parte
narrativa e uma breve conclusão moralizadora, onde os animais se tornam
exemplos para o ser humano, sugerindo uma verdade ou reflexão de ordem moral.) durante
uma exposição das Escrituras ou o ensino delas, mas ele fala de pessoas que
estariam se apegando a fábulas como elas fossem um fim ou a verdade em si
mesmas. Em outras traduções, ao invés de "fábulas" encontramos
"mitos" e "lendas", o que parece fazer mais sentido. Como
ele fala de doutrina no versículo 3, acredito que uma leitura mas atual seria:
"nem se deem a doutrinas fantasiosas, mitos, lendas ou a genealogias".
“OU A GENEALOGIAS INTERMINÁVEIS” - Os Judeus se gastavam em suas intermináveis
comprovações genealógicas para demostrarem de que pertenciam as mais
importantes linhagens familiares. Usando instrumentos legalistas da antiga
aliança é que se ufanavam de pertencerem às tribos das personagens que se
destacaram na história de Israel. Já os gnósticos se utilizavam das árvores
genealógicas para batizarem seus filhos em nome dos heróis históricos de suas
nações. Na atualidade os mórmons são praticantes destes rituais, é tanto que em
Salt Lake, nos Estados Unidos, possuem os mais completos registros genealógicos
do mundo e que pertencem aos mórmons. Tudo isso o apóstolo refuta como
descartáveis comparados ao evangelho de Cristo. “QUE MAIS PRODUZEM QUESTÕES” -
Coisas mais importantes do que as fábulas judaicas e as intermináveis
genealogias era se voltar para as coisas que pertencem ao evangelho de Cristo.
O religioso se ocupa de coisas pequenas que não levam a nada, enquanto que o
cristão verdadeiro se aplica as coisas que produzem edificação espiritual. As
escrituras falam sobre mandamentos de homens que são regras religiosas dos
líderes tentando dominar os outros com suas intermináveis filosofias e
ideologias pessoas. O evangelho é simples e qualquer pessoa que tem o Espírito
de Deus tem condições de entender sua mensagem principal. A principal função do
gnosticismo dentro das igrejas era para deturpar o evangelho de Cristo. “DO QUE
EDIFICAÇÃO DE DEUS” - O evangelho genuíno, esse sim produz na vida da igreja a
benéfica edificação espiritual. A tentativa de implantar no cristianismo os
elementos confusos da antiga aliança de Deus com Israel, só trazia confusão e
divisão dentro da comunidade cristã. Assim como a bagagem mitológica do
gnosticismo, nada de bom acrescentava no bem estar da igreja. Pelo contrário,
estes chamados mistérios ocultos produzidos por mentes diabólicas, mas trazem
confusão e destruição do que edificação da de Deus. Nem tudo que há nas igrejas
vem da parte de Deus. “QUE CONSISTE NA FÉ, ASSIM O FAÇO AGORA” - O evangelho de
Cristo tem um fator primordial no crescimento de nossa fé, e na esperança que
temos segundo nos promete a nova aliança de Deus com a humanidade. Tendo feito
muitas atividades missionárias, agora, Paulo se ocupava na edificação das
igrejas por ele fundadas. Transmitindo os ensinos do reino de Deus e provando
que Cristo era o Messias prometido.]
3. O “fim do mandamento” e a
finalidade da Lei. Paulo chamou a atenção de
Timóteo, seu enviado a Éfeso, para a doutrina de Deus e de Cristo, a que ele
resumiu no “mandamento”, e sua finalidade (1Tm 1.5,6). Em seguida, Paulo ensina
acerca do objetivo da Lei, e para quem ela se destinava, discriminando, no
texto, uma longa lista de tipos de pessoas ímpias que eram alvo dos preceitos
legais (1Tm 1.9-11). [Comentário: “SABENDO
ISTO, QUE A LEI NÃO FOI FEITA PARA O JUSTO” - Os justos no tempo da nova
dispensação da graça, diz respeito daqueles que foram comprados pelo sacrifício
vicário do Cordeiro de Deus que tira o pecado do mundo. Justo, não porque é bom
ou perfeito, mas porque é justificado por Cristo perante a justiça divina.
Então, a lei, seja ela a de Moises ou dos homens, não foi feita para os remidos
por Cristo, porque aquele que vive piamente para o reino de Deus, não vive
transgredindo nem as leis religiosas nem as leis governamentais. Quem é
verdadeiramente convertido faz sempre o que for possível para viver
corretamente. Para quem foi feita a lei? “MAS PARA OS INJUSTOS E OBSTINADOS” -
Conforme as escrituras, os injustos são todos aqueles que vivem no paganismo,
sem Deus na vida, vivendo sem limites nem regras. Biblicamente falando, os
injustos são aqueles que vivem como se Deus não existisse para eles, são os
ateus confessos ou práticos. São os incrédulos que vivem para o mundo conforme
suas próprias vontades, pensando que não haverão de prestar contas perante o
Criador. Já os obstinados, sobre os quais o escritor se refere, diz respeito
aos que se mantem conscientemente no sentimento de rebelião contra Deus. São os
alienados das coisas do reino de Deus e das coisas que são de cima. “PARA OS
ÍMPIOS E PECADORES” - Conforme os mandamentos e estatutos de Deus, os ímpios
são todos aqueles que são dominados pelo mau e pelos prazeres nas coisas
erradas da vida. Os ímpios são todos aqueles que vivem continuamente em busca
de oportunidades para prejudicar ao seu próximo. São os que tem prazer em fazer
o mal aos outros só para tirar proveito de todas as situações. Os pecadores que
Paulo cita neste texto, são aqueles que não têm sentimento de erro em suas
ações maléficas. Estes nunca se arrependem dos seus atos malignos praticados
contra o seu semelhante. Estes são chamados de pecadores obstinados, porque
erram por prazer. “PARA OS PROFANOS E IRRELIGIOSOS” - Estes profanos dos quais
fala o apóstolo são aquelas pessoas que vivem longe de Deus, voltados
completamente para as coisas do mundo, para a devassidão dos vícios e os
prazeres da carne. Os irreligiosos são aqueles que desprezam as sagradas
escrituras, e nunca se volta para o verdadeiro cristianismo. Ignoram os
mandamentos de Deus e não se preocupam em como agradar ao criador. A religião
não salva, mas tem ajudado as pessoas a serem melhores. “PARA OS PARRICIDAS E
MATRICIDAS, PARA OS HOMICIDAS” - A lei é feita na tentativa de coibir os erros
dos injustos e obstinados, dos ímpios e dos prevaricados, dos profanos e dos
que não dão importância às coisas de Deus, dos que tiram a vida dos seus
próprios progenitores e tem prazer em derramar o sangue do seu próximo,
tirando-lhe a vida. Se não fossem as leis, este mundo seria um verdadeiro caos.
“PARA OS DEVASSOS” - O escritor continua enumerando a lista dos transgressores
para quem foi feita a lei. Estes devassos aos quais Paulo fala diz respeito aos
impuros no tocante aos pecados sexuais. São aqueles que valorizam mais os
prazeres sexuais desregrados do que os mandamentos de Deus que falam sobre como
viver o sexo de forma pura e correta. Certamente o escritor estava denunciando
a prostituição, que é o sexo fora do casamento. O adultério que é o sexo entre
duas pessoas casadas, mas não entre o marido e mulher, legalmente casados. A
prevaricação que é o sexo entre uma pessoa casada e outra solteira. E a
fornicação que é o sexo entre duas pessoas solteiras, sem serem casadas,
conforme manda a lei do matrimônio. “PARA OS SODOMITAS” - Conforme as sagradas
escrituras, este tipo de pecado sexual, diz respeito ao homossexualismo. De
acordo com a bíblia esta palavra trata do ato sexual entre dois homens ou duas
mulheres, coisa que é reprovada pelas sagradas escrituras e por consequente por
Deus, porque as sagradas escrituras expressão a vontade de Deus. Em (Romanos
1:26-27) o apóstolo ataca de forma radical o homossexualismo masculino, como
também o feminino. Esta expressão aparece nesta lista de vícios para indicar um
desvio sexual irracional e maligno referindo se a um uso extremamente depravado
do impulso sexual. Sodomita, também se refere ao que ocorreu com a cidade de
Sodoma que foi destruída por causa do homossexualismo. “PARA OS ROUBADORES DE
HOMENS” - Em uma interpretação mais simplista, poderia dizer: Para os que
roubam os homens. Tanto na época em que foi escrito este conteúdo da epístola
pastoral de Paulo a Timóteo, Como nos tempos mais remotos da história da
humanidade, era comum a prática da venda de escravos. Felizmente este mal foi
extirpado das civilizações modernas. Mas, o escritor se refere aos que
capturavam seres humanos para serem vendidos como se fosse uma mercadoria
qualquer. Nos tempos das guerras antigas, nações inteiras eram deportadas para
os países saqueadores, e os deportados eram transformados em escravos.
“PARA OS MENTIROSOS” - A lei foi
escrita para combater os mentirosos. A mentira é vista pelas sagradas
escrituras como algo maligno e associada ao Diabo, que é o pai da mentira (João
8:44). A pessoa que é dominada por essa falha grave em sua conduta se torna
alguém absolutamente desprovido de credibilidade. A pessoa mentirosa, até mesmo
quando fala uma verdade, os outros custam a acreditar em suas palavras. Já se
diz que a mentira é amiga gemia da falsidade. A mentira também tem tudo a ver
com o falso testemunho, isso quando se inventa algo que não aconteceu só para
prejudicar a alguém. Mas, como se diz um ditado popular: A mentira tem pernas
curtas, ela só prevalece ate quando a verdade não aparece. Só se vence a
mentira com a verdade. “PARA OS PERJUROS, E PARA OS QUE FOREM CONTRÁRIOS À SÃ
DOUTRINA” - A lei foi feita contra os perjuros, ou seja, para aqueles que fazem
juramentos falsos para prejudicarem suas vítimas. E para os que são contrários
a sã doutrina. O escritor não se refere a um código de ética cristã, mas as
boas novas do evangelho de Cristo Jesus.]
SÍNTESE DO TÓPICO (I)
Paulo alerta a respeito das falsas
doutrinas, pois elas acabam corrompendo o evangelho da graça.
SUBSÍDIO BIBLIOLÓGICO
“Sete anos antes de Paulo escrever
esta epístola, advertira os presbíteros de Éfeso de que os falsos mestres
procurariam distorcer a verdadeira mensagem de Cristo. Agora que isso já estava
acontecendo, Paulo exorta Timóteo a confrontá-los com coragem. Este jovem
pastor não devia transigir com esses falsos ensinos que corrompiam tanto a lei
quanto o evangelho. Ele deveria travar contra eles o bom combate mediante a
proclamação da fé original, conforme o ensino de Cristo e dos apóstolos (2Tm
1.13,14). A expressão ‘outra doutrina’ vem do grego heteros e significa
‘estranha’, ‘falsificada’, ‘diferente’” (Bíblia de Estudo Pentecostal, CPAD, p.1864).
II. A GRAÇA SUPERABUNDOU COM A FÉ E O AMOR
1. Gratidão a Deus. Uma das características marcantes do caráter de Paulo é o ser
grato a Deus (Rm 7.25; 1Co 1.4; 14.18; 2Tm 1.3). Nesta parte da Epístola, ele
expressa sua gratidão a Cristo por tê-lo escolhido e posto no ministério
apostólico e pastoral, apesar de ter sido um terrível opositor do Evangelho de
Jesus (1Tm 1.12,13). É mais uma demonstração do que o “evangelho da graça de
Deus” pode fazer na vida de um homem. Deus tem seus santos caminhos. O
evangelho é a expressão do amor de Deus, em Cristo Jesus, que alcança um homem
no mais baixo nível de pecado e o faz uma “nova criatura” (2Co 5.17), e mais,
ainda, o faz parte da “família de Deus” (Ef 2.19). Paulo reconhece que “[...] a
graça de nosso Senhor superabundou com a fé e o amor que há em Jesus Cristo” (1
Tm 1.14). Foi Jesus quem o salvou e o transformou mediante sua graça. [Comentário: Graça – eucharisteuo;
Strong 2168: De eu, “bem”, e charizomai, “dar
livremente”. Ser grato, expressar gratidão, estar agradecido. Onze das trinta e
nove ocorrencias da palavra no Novo Testamento referem-se à participação na Cia
do Senhor, enquanto que vinte e oito ocorrências descrevem as palavras de
louvor ditas ao Ente Supremo. Durante o século II, “Eucaristia” tornou-se o
termo genérico para a Ceia do Senhor. Não há pensamento mais maravilhoso e mais
rico em conforto do que este de sabermos que a graça de nosso Senhor Jesus
Cristo superabundou, pela fé, em nossas vidas. Deus não apenas a fez abundar (a
graça), mas a fez superabundar em nós. Paulo estava considerando o seu passado
de blasfemo, perseguidor, opressor, mas a quem Deus expressou a Sua
misericórdia, fazendo habitar nele a Sua superabundante graça. A sua religião
judaica tinha sido insuficiente, mas a sua fé em Jesus levou-o ao perdão e à
maravilhosa graça de Deus.]
2. Humildade. Paulo não era mais um novo convertido ou neófito quando escreveu suas
cartas a Timóteo. Ele não estava usando de falsa modéstia quando declarou ser o
principal pecador que Jesus veio salvar (1Tm 1.15). Paulo tinha convicção de
que fora salvo pela graça, e não por seus méritos. Mesmo na condição de salvo,
o crente deve saber que não merecíamos o dom (presente) da salvação.
Como salvos em Jesus Cristo, não
temos mais prazer no pecado. Aquele que ainda tem prazer no pecado, não
experimentou o novo nascimento: “Qualquer que é nascido de Deus não vive na
prática do pecado; porque a sua semente permanece nele; e não pode viver
pecando, porque é nascido de Deus” (1Jo 3.9). [Comentário: Cristo
veio salvar os “pecadores”. E estes pecadores que são beneficiados com a
salvação do Cristo de Deus são justamente os que reconhecem que são fracos e
falhos e que precisam do perdão de Cristo. São os que se arrependem dos seus
pedados e se convertem dos seus maus caminhos para se tornarem em uma nova
criatura. Paulo se achava o pior deles. Paulo não se caracterizou assim antes
de sua conversão. Pelo contrário, na medida em que crescia em Cristo, Paulo
tornou-se mais e mais consciente de sua própria pecaminosidade. Ele não
esqueceu o havia sido; não se gloriava em si mesmo, mas sim, no Deus que o
redimira e que o mudara! O texto de 1 João 3.9, se não entendido corretamente,
entrará em choque com o que ele escreve em 1.8: “Se dissermos que não temos
pecado, enganamo-nos a nós mesmos, e não há verdade em nós”, e 1.10: “Se
dissermos que não pecamos, fazemo-lo mentiroso (DEUS), e a sua palavra não está
em nós”. É fato bíblico que o crente peca (Pv 20.9; 24.16; Ec 7.20), pois, ele
é enfraquecido pela carne (Jo 3.6, “O que é nascido da carne é carne, e o
que é nascido do Espírito é espírito.”). Tanto a realidade da presença do
pecado na vida do crente quanto à nova natureza são vistas claramente na
doutrina da santificação que envolve a correção de Deus (Hb 12.5-13). O texto
de 1º João 3.9 afirma claramente que uma pessoa nascida de Deus não pode pecar.
Isto não quer dizer, como alguns ensinam, que tal pessoa não peca. O versículo
afirma que aquela parte nascida de Deus, do crente em Jesus Cristo, não pode
pecar. É óbvio que se uma pessoa é incapaz de pecar, ela não pode perder a
salvação. Há quem ensine que uma pessoa pode se tornar santificada - a tão
chamada segunda bênção - o batismo no Espírito Santo - quando a pessoa é capaz
de viver sem pecar. Mas, estes também ensinam que uma pessoa que é capaz de não
pecar, também pode pecar e se perder. Mas, nosso texto diz enfaticamente que
uma pessoa nascida de novo – nascida de Deus – não pode pecar, isto é, não é capaz
de pecar.]
SÍNTESE DO TÓPICO (II)
Paulo reconhece que a graça de Jesus
superabundou com a fé e o amor que há em Jesus Cristo.
SUBSÍDIO BIBLIOLÓGICO
“Não obtemos por boas obras (a
essência da religião legalista) o direito à libertação do pecado e da morte.
Jamais! Graça significa que tudo começa e termina com Deus. A salvação é,
então, um presente de nosso Criador. Nós criamos a nossa própria ruína, mas
nele reside nosso socorro. O Criador restaura com as próprias mãos sua
obra-prima arruinada. Enquanto a graça é a origem ou fonte da nossa salvação, a
fé é o seu meio ou instrumento. A fé não faz reivindicações, para que não seja
dito que foi por ‘mérito’ ou ‘obra’” (Comentário Bíblico Beacon. 1ª Edição.
Volume 9. RJ: CPAD, 2006, p.136).
III. UM CONVITE A COMBATER O BOM COMBATE (vv.18-20)
1. A boa milícia. Depois de orientar Timóteo sobre a difícil missão de combater as
heresias, na igreja de Éfeso, Paulo dá uma palavra de ânimo, encorajamento e
incentivo ao jovem pastor. Como um verdadeiro “pai na fé”, o apóstolo diz:
“Este mandamento te dou, meu filho Timóteo, que, segundo as profecias que houve
acerca de ti, milites por elas boa milícia” (1Tm 1.18). Paulo lembra a Timóteo
que seu ministério foi confirmado por profecia. Deduz-se, do texto, que as
profecias eram tão consistentes, que Timóteo deveria militar “a boa milícia”,
ou o bom combate, com base naquilo que Deus lhe havia falado (1Tm 1.18). [Comentário: Paulo passa a fazer suas
recomendações a seu filho na fé Timóteo de como ele devia proceder para
combater os legalistas e os falsos mestres do gnosticismo filosófico grego
infiltrados no meio da igreja. O fato de o apóstolo falar em termos de
mandamento, nos dá a entender que era mesmo uma ordem ou um decreto apostólico
de sua parte para que o líder da igreja de Cristo em Éfeso fosse revestido de
autoridade em defender a genuína fé crista, em detrimento aos falsos ensinos
dos gnósticos. A maioria dos comentaristas bíblicos concordam de que o
ministério de Timóteo foi sendo a cada dia confirmado por meio de profecias a
seu respeito e do que ele se tornaria no reino de Deus e de Cristo. Neste tempo
em que Paulo lhe envia esta epístola pastoral ele já era a uma das principais
lideranças da igreja de Cristo em Éfeso, mas isso não foi por um acaso, nem do
dia para a noite. Sendo ele Filho na fé do grande apóstolo Paulo, isso não era
suficiente para ocupar posições de destaques o quanto ele vinha galgando.
Fazia-se necessário a confirmação de Deus para tanto, por meio de profecias.
Diante das constantes oposições que se levantavam contra ele naquela igreja,
Timóteo precisava desta palavra de apoio da parte de Paulo. O apóstolo usa uma
metáfora militar para indicar a tonalidade da tarefa a que o seu filho na fé
devia executar. Neste caso, ele Paulo seria um comandante, enquanto que Timóteo
seria um soldado, que cumpriria suas ordens. E a ordem dada era que o soldado,
combatesse diligentemente contra as heresias que estavam na igreja.]
2. A rejeição da fé e suas
consequências (1Tm 1.5). Quem rejeita “a fé não
fingida” e a “boa consciência” cristã colhe os resultados de sua má escolha. O
resultado é o “naufrágio na fé”. Paulo toma como exemplo Himeneu e Alexandre,
obreiros que entraram por esse caminho. Quanto a Himeneu, sua postura é tão
terrível que ele é citado em 2 Timóteo 2.17. Seu nome deriva deHimen, “deus do
casamento”, na mitologia grega. Não se sabe ao certo qual “doutrina” falsa ele
semeava. Estudiosos dizem que ambos eram representantes do gnosticismo no meio
da igreja de Éfeso. Com relação a Alexandre, aliado de Himeneu na semeadura das
falsas doutrinas, era tão pernicioso, que Paulo o considera desviado ou
“naufragado” na fé. Sua influência era tão maliciosa que Paulo os entregou “a
Satanás, para que aprendam a não blasfemar” (1Tm 1.20). Que o Senhor livre sua
Igreja dos falsos mestres. [Comentário: “E
entre esses foram Himeneu e Alexandre, os quais entreguei a Satanás, para que
aprendam a não blasfemar” (1Tm 1.20). A maioria dos teólogos entende que o
texto aponta para uma espécie de disciplina ou exclusão da comunhão com a
Igreja, O Corpo de Cristo. Como entender o fato de Paulo mandar entregar dois
obreiros da Igreja a Satanás? na igreja de Éfeso. Por conta disso, o
apóstolo Paulo lhe escreveu uma carta encorajando-o a manter a ordem entre os
irmãos. Os falsos mestres estavam deturpando os ensinos originais nos quais a
igreja tinha sido instruída e, entre os tais, Paulo cita dois nomes: Himeneu e
Alexandre. Quando recebeu o ministério eclesiástico pela imposição das mãos do
presbitério, o jovem Timóteo recebeu juntamente a responsabilidade de combater as
heresias que possivelmente surgiriam no seio da igreja (1Tm 1.18; 4.14; 6.12).
Não há menção específica a respeito das heresias com as quais aqueles dois
falsos obreiros se envolveram. Entretanto, parece que a carta de Paulo a
Timóteo visava tratar problemas de crenças religiosas e idéias filosóficas. O
contexto sugere que esses obreiros estavam envolvidos com questões pertinentes
ao gnosticismo, sendo que Himeneu é citado por Paulo em 2Timóteo 2.17,18 como
que ensinando que a ressurreição já tinha acontecido, alegorizando-a e minando
a esperança futura dos irmãos. A sentença para esses obreiros seria que fossem
“entregues a Satanás”, o que a maioria dos teólogos entende como uma espécie de
disciplina ou exclusão da comunhão com a Igreja, o Corpo de Cristo. Este
procedimento visava tanto a correção como a punição. Quanto a este fato, a
Bíblia de estudo de Genebra afirma o seguinte: “Portanto, foram devolvidos ao
mundo – domínio de Satanás (Jo 12.31; 14.30; 16.11; 2Co 4.4; Ef 2.2)”. No mesmo
sentido, a Bíblia de estudo Pentecostal considera: “Ser desligado da Igreja;
por outro lado, deixa a vida da pessoa aberta aos ataques destrutivos e
satânicos (Jó 2.6,7; 1Co 5.5; Ap 2.22)”. Aprofunde-se mais em
http://www.icp.com.br/72responde.asp]
SÍNTESE DO TÓPICO (III)
Paulo
convida Timóteo a combater o bom combate, mesmo diante das dificuldades.
SUBSÍDIO BIBLIOLÓGICO
“Conforme Timóteo 1.18, houve
profecias concernentes à vontade de Deus para o ministério de Timóteo na igreja
(1Co 14.29). Paulo exorta a Timóteo a permanecer fiel àquela vontade revelada
para sua vida. Como pastor e dirigente da igreja, Timóteo devia permanecer leal
à verdadeira fé apostólica e combater as falsas doutrinas que estavam
penetrando insidiosamente na igreja.
Paulo adverte Timóteo várias vezes a
respeito da terrível possibilidade da apostasia e abandono da fé” (Bíblia de
Estudo Pentecostal, CPAD, p.1865).
CONCLUSÃO
O cristianismo nasceu debaixo de
perseguição e confronto com heresias e ensinos desvirtuados. Na consolidação de
igrejas abertas em suas viagens missionárias, Paulo teve que oferecer
resistência e ação decidida contra os “lobos vorazes”, que haveriam de surgir,
até mesmo no seio das igrejas, como no caso da igreja de Éfeso. Com a graça de
Deus e o apoio de homens fiéis, como Timóteo e Tito, o apóstolo Paulo fez
frente aos falsos mestres que se levantaram para prejudicar o trabalho iniciado
e desenvolvido em muitas igrejas cristãs.[Comentário: Paulo
cuidou zelozamente das igrejas que fundou, isso fica claro nos textos de sua autoria.
Não obstante esse cuidado do apóstolo, vemos já em apocalipse, Jesus
glorifiacado fazendo uma análise sincera das igrejas, “tenho porém contra ti
... abandonaste o teu primeiro amor”. Esta igreja tinha mais de quarenta
anos quando Jesus ditou esta carta. Outra geração havia surgido. Os filhos não
experimentavam aquele entusiasmo intenso, aquela espontaneidade e o ardor que
havia revelado os pais quando tiveram o primeiro contato com o evangelho. Não
apenas isso, mas faltava à geração seguinte a devoção a Cristo. A igreja de
Éfeso tornou-se farisaica, pois ela deixou de herança o zelo pela Palavra, mas
como se fosse uma lei, mas não deixou de herança o amor que é o vínculo da
perfeição. A igreja havia abandonado o seu primeiro amor. O problema da igreja
de Éfeso é, com certeza, o problema da maioria das igrejas de hoje: fazer as
coisas sem solidariedade amorosa. Não são poucas as amarras que dificultam o
viver em liberdade. Absorvidos por uma sociedade consumista e midiática, somos
pesonagens interpretando um roteiro mal escrito e mal dirigido. Quando
abandonamos o primeiro amor, significa que abrimos mão de algo e elegemos
outras coisas em seu lugar. Quando fazemos as coisas por fazer, por causa da
instituição ou da denominação, pela sedução do crescimento numérico da igreja,
pela fama e pelo status que se obterão na cidade ou coisas do tipo, essas são
provas evidentes de que nossas motivações são impuras e estão prostituídas.
Pense e ajude seus alunos a pensar maduramente a fé cristã!]. NaquEle que me
garante: "Pela graça sois salvos, por meio da fé, e isto não vem de vós, é
dom de Deus" (Ef 2.8)”,
Francisco Barbosa
Campina Grande-PB
Julho de 2015
PARA REFLETIR
A respeito
das Cartas Pastorais:
Segundo a lição, o que é o evangelho
da graça?
É o evangelho libertador de Cristo.
Como eram apresentadas as falsas
doutrinas?
Eram apresentadas como fábulas ou genealogias.
De acordo com a lição, cite uma
característica marcante do caráter de Paulo?
Sua gratidão a Cristo.
O ministério de Timóteo havia sido
confirmado mediante o quê?
Havia sido confirmado por profecia.
Segundo a lição, qual o resultado da
rejeição à fé?
O resultado é o naufrágio na fé.
SUBSÍDIOS ENSINADOR CRISTÃO
O
Evangelho da Graça
Professor, iniciando a aula, leia o
seguinte versículo: “Porque pela graça sois salvos, por meio da fé; e isso não
vem de vós; é dom de Deus” (Ef 2.8). Faça uma reflexão com os alunos mostrando
que se hoje estamos firmes com Cristo é porque um dia nós fomos alcançados pela
maravilhosa Graça de Deus. Além de nos salvar pelo ato da sua graça, Deus nos
preparou as boas obras para que andássemos por elas. Explique que as boas obras
não salvam, mas dá um poderoso testemunho diante da sociedade sobre o quanto
fomos alcançados pela graça divina.
A doutrina da Graça de Deus é uma das
verdades mais gloriosas das Sagradas Escrituras. A convicção de que não há nada
na pessoa humana capaz de preencher o vazio da alma, isto é, o restabelecimento
da nossa ligação com Deus e o significado do sentido último da vida, e saber
que só Deus é capaz de fazer esse milagre em nós, mostra-nos o quão miserável
nós somos e quão misericordioso Deus é.
A doutrina da Graça apresenta-nos o
misericordioso Deus, que em Jesus Cristo estava reconciliando o mundo consigo
mesmo (2Co 5.19), operando em nós para o reconhecermos Pai amoroso. Por isso,
apresentar a doutrina da Graça ao pecador é conceder-lhe libertação da prisão
do pecado, a autonomia da fé em Cristo e o privilégio em sabermos que não há
nada que pode separar-nos do amor de Deus (Rm 8.33-39).
Caro professor, quando falamos da
Graça de Deus, inevitavelmente, chegaremos ao tema da eleição divina. Como a
graça de Deus nos alcançou? A graça de Deus é arbitrária sem levar em conta a
responsabilidade humana? Qualquer estudo sobre a eleição divina tem de partir
obrigatoriamente da Pessoa de Jesus. Em Jesus não achamos qualquer
particularidade divina em eleger alguns e deixar outros de fora, resultado de
uma escolha divina arbitrária e individualizada antes da fundação do mundo. A
escolha de Deus se deu em Jesus (Ef 1.4; Rm 8.29). Nele, a salvação é oferecida
a todos (2Pe 3.9; cf. Mt 11.28), e, pela sua presciência, o nosso Senhor sabe
quem há de ser salvo ou não. A eleição de Deus leva em conta a volição humana,
pois é um dom dEle mesmo à humanidade. Assim, quando levamos em conta a volição
humana não esvaziamos a soberania de Deus e da sua Graça. Pelo contrário,
afirmamos a sua soberania, pois Deus escolheu fazer um homem autônomo.
Afirmamos também que a graça de Deus opera, restaurando a capacidade do homem
de se arrepender e crer no Evangelho (1Tm 4.1,2; Mt 12.31,32).